EUA pedem que Coreia do Sul restrinja exportação de semicondutores para a China
Os Estados Unidos pediram à Coreia do Sul que estimule seus fabricantes de chips a não cobrir qualquer escassez de componentes na China, caso Pequim proíba a norte-americana Micron de vender produtos similares.
Segundo apuração do jornal britânico “Financial Times”, a Casa Branca solicitou que o governo sul-coreano encoraje a Samsung e a SK Hynix a não aumentar as exportações para o território chinês. No momento, a Micron é alvo de uma investigação na China. A empresa norte-americana, ao lado das fabricantes sul-coreana, é uma das três líderes de mercado global de chips de memória DRAM.
O pedido do governo de Joe Biden, conforme o periódico britânico, foi feito às vésperas de uma viagem do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, ao Estados Unidos. A visita de Estado tem início nesta segunda-feira, 24.
A investigação do governo chinês sobre a empresa norte-americana começou neste mês e ainda não está claro qual será o desfecho do processo. No entanto, em caso de medida punitiva, o custo pode ser alto para a Micron, já que a China continental e Hong Kong foram responsáveis por 25% de sua receita no ano passado.
De acordo com o “Financial Times”, executivos de negócios e autoridades dos Estados Unidos acreditam que a investigação chinesa é uma retaliação de Pequim contra as duras ações que o governo Biden tomou para conter os avanços da China na produção de semicondutores.
O caso Micron, desse modo, surge como um teste para saber se Pequim estaria disposta a tomar, pela primeira vez, medidas econômicas coercitivas contra uma grande empresa dos Estados Unidos.
A corrida pelo mercado de semicondutores e chips de memória está em alta no mundo. Em janeiro deste ano, o governo da Coreia do Sul manifestou interesse de oferecer incentivos fiscais para ampliar a produção doméstica.
Ainda no ano passado, os Estados Unidos adotaram uma política de restrição à exportação de insumos para fabricação de semicondutores e peças de computação avançada para a China. O governo Biden também sancionou uma lei que prevê incentivos bilionários para o setor no território norte-americano.
Mais recentemente, o Parlamento Europeu e os países-membros da União Europeia (UE) entraram em acordo para aprovar a Lei de Chips, norma que concede 43 bilhões de euros para produção de circuitos integrados na Europa.