Espectro é insumo estratégico também para a distribuição elétrica

Distribuidoras querem acesso a faixas abaixo de 1 GHz. Atualmente, Neoenergia e CPFL têm projetos piloto com medidores inteligentes conectados a redes móveis.

Não são apenas operadoras móveis e provedores de banda larga que defendem com unhas e dentes acesso a mais espectro junto à Anatel. Também as distribuidoras de energia elétrica consideram urgente o acesso a frequências por entenderem que as operadoras de telecomunicações não entregam o serviço de que necessitam. Conforme executivos do setor elétrico reunidos hoje, 9, em painel do 5×5 TEC Summit, há forte demanda por autorizações de serviço limitado privado (SLP).

“O SLP é algo muito estratégico para nós pois vai facilitar a implantação das redes inteligentes e a expansão dessas redes”, resumiu Heron Fontana, superintendente de Smart Grids na Neoenergia.

A empresa é responsável por um projeto com rede privativa LTE na região de Atibaia, no interior de São Paulo, em que foram instaladas seis estações radiobase LTE operando em 3,5 GHz, em caráter temporário. “Isso foi por oportunidade, era a frequência que nós tínhamos naquele momento. De fato pleiteamos junto à Anatel uma frequência para o SLP sub-Giga, abaixo de 1 GHz, porque otimiza o investimento em infraestrutura”, explicou.

Segundo ele, como a distribuição elétrica não pode falhar, a rede de comunicação que a suporta, também não. “Estamos falando de um serviço que é crítico, essencial. Por isso acreditamos que é importante ter frequência sub-giga no SLP. E essa infraestrutura pode ser, depois de instalada, compartilhada com vigilância pública, saneamento, iluminação pública. O setor elétrico quer investir em infraestrutura própria quando a infraestrutura das operadoras não nos suporta”, disse.

Confiabilidade

Caius Vinicius Malagoli, diretor de Engenharia de Manutenção e Padrões do grupo CPFL Energia, concorda. “O modelo das teles é diferente das distribuidoras elétricas. Eu tenho que atender o cliente que está lá longe, na área rural. E ali, a confiabilidade do sistema que preciso para apertar um botão e garantir que aquela chave lá longe no RS realmente opere, não consigo hoje ter das operadoras de telecom”, afirmou.

Segundo ele, ter acesso a uma frequência abaixo de 1 GHz ajuda a equilibrar custos com infraestrutura e equipes. Vale lembrar que o setor queria ter acesso no passado ao espectro de 450 MHz, que atualmente está nas mãos de Claro, Oi, TIM e Vivo.

“Do ponto de vista operacional, seria melhor usar da operadora, seria mais barato. Mas sob a ótica da qualidade que a distribuidora precisa, a gente acaba tendo que migrar para infraestrutura própria. É fundamental termos espaço de frequência para a gente de alguma forma atender os requisitos do nosso negócio”, reforçou. A CPFL possui um piloto com redes LoRA, LTE, Mesh e PLC em Jaguariúna, no interior paulista, onde tem 22 mil medidores inteligentes instalados.

O evento 5×5 TEC Summit é organizado pelos portais Tele.Síntese, Convergência Digital, Mobile Time, Teletime e TI Inside, com a proposta de debater a modernização de cinco setores essenciais para a economia brasileira. O evento acontece nesta semana, diariamente, até 11 de dezembro. Amanhã, dia 10, a discussão será sobre finanças. Dia 11, se encerra com uma discussão sobre o impacto da tecnologia na indústria de entretenimento. Inscreva-se gratuitamente. As apresentações passadas, sobre os setores de governo, saúde e eletricidade já estão disponíveis.

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Da Redação

A Momento Editorial nasceu em 2005. É fruto de mais de 20 anos de experiência jornalística nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e telecomunicações. Foi criada com a missão de produzir e disseminar informação sobre o papel das TICs na sociedade.

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