EnterPlay testa sua “caixa de entretenimento” em 25 provedores regionais de internet

Não se trata de uma "caixinha" qualquer. Mas de um set top box, que funciona como conversor digital, ponto de acesso WiFi e permite que qualquer televisor (incluindo os de tubo) tenha ainda mais funcionalidades do que uma TV conectada. Por trás, uma poderosa plataforma de conteúdos.

Não se trata de uma “caixinha” qualquer. Mas de um set top box, que funciona como conversor digital, ponto de acesso WiFi e permite que qualquer televisor (incluindo os de tubo) tenha ainda mais funcionalidades do que uma TV conectada. Por trás, uma robusta plataforma de conteúdos.

Em um momento em que a comercialização de TV paga se encontra em curva levemente descendente, a Enterplay decide apostar todas as suas fichas em um novo modo de comercialização de entretenimento, que garante muita liberdade ao usuário para selecionar os conteúdos que lhe interessam, ter acesso à TV aberta e pagar pelo que interessa, com planos que podem caber no bolso até mesmo da classe C.

Pelo menos esse é o discurso entusiasmado de Jorge Salles, executivo com uma longa passagem pela Microsoft, e responsável pela operação e marketing da empresa, que embora tenha iniciado suas operações em 2008, ainda é uma start up. E uma start up de executivos com muita experiência de mercado.

No seu alvo estão dois tipos de públicos: o público consumidor em geral, para o qual lança em julho, pelas empresas da rede Casino (Ponto Frio, Casas Bahia), a sua sofisticada caixinha (na verdade iniciou a comercialização no final do ano passado, mas como um pré-teste), e os provedores de acesso à internet e serviços de telecomunicações, os ISPs, que podem adotar sua solução para atender a seus clientes. Para isso, já está fazendo pilotos com 25 ISPs de várias partes do país, para testar a tecnologia e o modelo de negócios.

enterplay set top box

A confiança na solução, desenvolvida por sua equipe é tão grande, que a empresa investiu em um fornecedor, a Brasilsat, para produzir o equipamento no país. Por enquanto, ele é fabricado, segundo o projeto nacional, na Coréia do Sul. Com a nacionalização, o preço, que é salgado, de R$ 899,00, deverá ser reduzido em 30%. A produção em Manaus, de acordo com Fabio Golmia, CEO da Enterplay, está prevista para começar em agosto deste ano.

Se o público em geral interessa à Enterplay, interessa-lhe mais ainda os canais que podem ser abertos pelos ISPs, que já contam com clientes. À Enterplay interessa usuários que queiram uma opção de consumo de entretenimento segundo seu perfil. Aos ISPs, uma solução flexível de oferta de entretenimento, para agregar valor ao serviço de conexão à internet, que tenha preço acessível e seja extremamente flexível. “É isso que oferecemos”, resume Salles, avaliando que a TV paga tradicional não atende mais ao que quer o usuário. “Ele quer ver o que deseja, na hora que que escolher”, resume, lembrando que houve uma mudança radical no consumo de entretenimento.

Por trás dos set top box há uma poderosa plataforma e um grande acervo de conteúdos – mais de 3 mil titulos – dos principais estúdios e produtores. Salles lembra que a Enterplay foi a primeira empresa brasileira a licenciar conteúdo da Warner. Por enquanto, não faz parte do seu portfólio os conteúdos da Globosat e do Telecine.

A Enterplay recebe o conteúdo via satélite ou diretamente no teleporto da Casablanca, no bairro do Ibirapuera, em São Paulo, onde tem um head end, que se liga, via fibra óptica, aos seus servidores instalados em um datacenter, em Campinas (SP). A distribuição de seu conteúdo é feita a partir de um CDN instalado na Level3, no PTT de São Paulo. Segundo Salles, todo o tráfego da Enterplay é criptografado, o que permite fazer a sua entrega como dados economizando banda. No caso dos ISPs, um cache server é colocado na sua rede.

Inspiração

A experiência do Netflix foi um grande inspirador do projeto desenvolvido pela Enterplay, que investiu R$ 20 milhões para desenvolver sua plataforma de mídia player e o set top box amigável e com muitas funcionalidades. Tem até um “mordomo”,que ajuda o usuário a construir seu cardápio de preferências a partir de seu hábito de consumo. O que vê na TV aberta, que filmes e séries gosta de assistir, etc.

O que existe de diferença entre o Netflix e o cardápio da Enterplay é que, na segunda, o usuário pode, por um preço adicional, ir agregando o que deseja e também tem a opção de comprar, por um preço módico, lançamentos e séries.Tudo personalizado.

De acordo com Jorge Salles, o serviço mais parecido ao que começa a oferecer aos brasileiros, é o da norte-americana Comcast, o X1. Mas, assegura ele, o Enterplay TV, traz vantagens em relação ao serviço da Comcast, porque é mais flexível. Trata-se, insiste, de um agregador de conteúdo que junta, na mesma tela, TV aberta, TV paga, conteúdo on demand e música.

Se o preço do set top box é salgado, a assinatura é muito mais acessível. Por R$ 19,90 o usuário tem acesso a 18 canais mais todos os canais abertos (com três mil títulos de filmes); por R$ 29,90, agrega o Sport Promotion (Enterplay Esports); e; por R$ 84,90, 60 canais, dos quais 43 em HD, com uma série enorme de campeonatos e jogos. Por R$ 124,90 tem o top do top (à exceção do Telecine e Globosat).

O aluguel de um lançamento de filme ou série, de qualquer tipo, acrescenta à conta mensal mais R$ 3,90 a R$ 18,90. E entre as opções, há séries de filmes clássicos, cinema europeu, pescaria, série para adultos, entre outras ofertas.

A história

Criada em São Paulo, com apoio da Microsoft e da Intel em 2007, para ser uma locadora virtual de vídeos, a Enterplay foi evoluindo ao longo do tempo na busca de sua identidade. Nesses nove anos, sobreviveu basicamente como uma empresa de prestação de serviços de engenharia de vídeo para emissoras e produtoras.

Formada por cinco sócios, a Enterplay acredita que, finalmente, tem um projeto maduro para o mercado. “Até agora, atuamos sem atingir o break even”, resume Golmia. Mas, em sua avaliação, as chances de sucesso são grandes, pois a estratégia da empresa está muito adequada à demanda do usuário que quer entretenimento sob medida. “E não falo só do cliente da classe A, mas das classes B e C”, afirma. O futuro vai dizer se a aposta é correta.

Avatar photo

Lia Ribeiro Dias

Seu nome, trabalho e opiniões são referências no mercado editorial especializado e, principalmente, nos segmentos de informática e telecomunicações, nos quais desenvolve, há 28 anos, a sua atuação como jornalista.

Artigos: 416