Coreia do Sul discute taxar big techs pelo uso das redes de telecomunicações
O parlamento da Coreia do Sul deu início a um debate sobre a possibilidade de impor que as bigs techs, como Google e Netflix, paguem um preço justo pelo acesso à rede de internet à medida que cresce o tráfego de usuários de seus serviços, seguindo pressão semelhante observada em outros mercados, informou a Reuters.
A discussão sobre a cobrança pelo acesso entrou em pauta porque, no país asiático, Google e Netflix respondem, juntos, por mais de um terço do tráfego de dados dos consumidores sul-coreanos.
No início deste ano, quando a taxa pelo uso da rede começou a ser ventilada, o YouTube, plataforma de vídeos da Alphabet, dona do Google, ameaçou reduzir os investimentos na Coreia do Sul. A Netflix, por sua vez, perdeu uma batalha legal contra a SK Telecom, operadora de telecomunicações sul-coreana, em torno de custos de rede.
Inicialmente, parte dos parlamentares sul-coreanos se opôs à cobrança, temendo que a taxação possa, como consequência, justificar eventuais aumentos dos preços dos planos de assinatura, de acordo com a Reuters.
Além disso, para diminuir a pressão a favor da cobrança, o YouTube teria apresentado uma petição assinada por mais de 250 mil pessoas que se opõem à criação de uma lei a respeito do assunto.
PRESSÃO NA EUROPA
A possibilidade de aplicar uma cobrança às gigantes de tecnologia pelo uso das redes de telecomunicações não se limita à Coreia do Sul.
Na Europa, quatro das maiores teles – a espanhola Telefónica, a inglesa Vodafone, a francesa Orange e a alemã Deutsche Telekom – apresentaram, em fevereiro deste ano, uma carta conjunta na qual defendem que a União Europeia (UE) adote um marco legal que obrigue as big techs a bancarem a construção da infraestrutura de telecomunicações.
No mês seguinte, o Conselho e o Parlamento europeus fecharam um acordo preliminar para regular as grandes empresas de tecnologia. Mais recentemente, em julho, o Parlamento Europeu definiu, em lei, um pacote de regras para o setor digital, com a finalidade de combater práticas desleais e abusos de posição dominante.
A expectativa é de que a UE lance, no início do ano que vem, uma consulta pública sobre a possiblidade de as bigs techs cobrirem parte dos custos das redes de telecomunicações.
Segundo a Associação de Operadoras de Rede de Telecomunicações da Europa (ETNO), seis empresas (Google, Netflix, Apple, Amazon, Microsoft e Meta) são responsáveis por mais da metade do tráfego de rede global.