Controladora da Nextel Brasil critica gestão de Valim

NII Holdings anuncia saída de Ricardo K. do comitê de governança corporativa do grupo, diz que cortou em 60% pagamentos ao CEO da companhia, baixou ganhos da diretoria, e admite problemas na prestação de contas por parte da subsidiária brasileira
NEXTEL - 03/09/2015 - Francisco Valim, presidente Nextel. Foto: Leonardo Rodrigues
Francisco Valim, ex-presidente Nextel (Foto: Leonardo Rodrigues/divulgação)

A NII Holdings, dona da Nextel Brasil, emitiu comunicado nesta quarta-fera, 17, no qual critica as atitudes do comando da operadora em 2016, sob a batuta de Francisco Valim. A companhia anunciou também a saída de Ricardo Knoepfelmacher do comitê de governança corporativa do conselho administrativo do grupo, que foi substituído por Robert Schriesheim, membro independente do board.

Em um texto severo, o conselho de administração da NII explica que tentou nos últimos anos adotar medidas que melhorassem o controle sobre a prestação de contas da operadora brasileira, sem sucesso. A falta de segurança nos dados reportados pela subsidiária local fez com que os resultados de 2014 e 2015 do grupo fossem considerados pouco confiáveis, período em que foi dirigida por Gokul Hemmady. Nos últimos 12 meses, com Valim no comando, havia expectativa de melhora na qualidade da prestação de contas, o que não aconteceu.

Segundo o conselho da NII, “a Nextel Brasil não estabeleceu um ambiente para monitorar e controlar suas atividades, nem uma estrutura organizacional com pessoal experiente  em cargos nos quais as responsabilidades, a supervisão e o monitorameno estivessem alinhados aos objetivos da prestação de contas”.

A NII afirma que o balanço de 2016, como os de 2014 e de 2015, é pouco confiável devido a “uma fragilidade concreta no ambiente de controle de informação e nos processos de comunicação”. E acrescenta: “Um tom apropriado não foi estabelecido no comando da Nextel Brasil, o que pode resultar em interferência dos gestores sobre o controle interno da divulgação de resultados”. Com isso, a empresa falhou em contabilizar corretamente alugueis, dívidas e custos operacionais.

O conselho diz, porém, que espera uma guinada com Roberto Rittes, que substituiu Francisco Valim como CEO, e avisa que intensificou o treinamento de funcionários quanto à prestação de contas. “Esperamos que o Sr. Rittes aumente o comprometimento em estabelecer um tom apropriado no comando brasileiro aplicando medidas de compliance em linha com o código de conduta da companhia e outra políticas do grupo”, diz o comunicado.

Resultados
A NII conta que reduziu o montante a ser pago ao seu CEO, Steve Shindler, em 60%. Os valores incluíam ações, não apenas dinheiro. A empresa também reviu toda a remuneração da diretoria, o que trouxe enorme economia. Tanta, que o lucro antes de impostos e amortizações para 2016 foi revisto.

O EBITDA do ano passado passou do campo negativo (-US$ 155 milhões) para o positivo (US$ 30 milhões), ou seja, aumentou US$ 185 milhões. Também foi revisto o Capex do período, do qual foi retirado US$ 91 milhões, passando de US$ 141,8 milhões para US$ 51,3 milhões. Não foi informado se um novo balanço completo, apontando incongruências, será publicado nos próximos dias.

[Atualização: Ao contrário do escrito inicialmente neste texto, o comunicado da NII Holdings reviu a remuneração para a diretoria da companhia, não da subsidiária brasileira]

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Rafael Bucco

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