Cidade Inteligente precisa usar dados abertos, defende especialista
Conectividade, eficiência, digitalização de serviços. Uma cidade inteligente tem tudo isso, mas precisa de um item fundamental para beneficiar a economia local: uma política de dados abertos.
A proposta foi compartilhada pela especialista do ITS Rio, Ana Carolina Benelli, durante painel virtual sobre cidades inteligentes, organizado pelo Movimento Antene-se nesta quinta-feira, 29.
Ela ressaltou que o conceito de cidade inteligente coloca conectividade no centro das necessidades do poder público e da população. Dessa forma, a legislação local deve ser adequada a essa exigência, com leis de antenas atualizadas.
Mas, uma vez estabelecida a conectividade, é preciso ter uma proposta de gestão dos dados que passam a circular.
Na cidade inteligente, lembrou, há digitalização da economia, das finanças, da governança, da educação, das políticas de habitação, de atividades de recreação, esporte e cultura, da saúde, do mapeamento social, do esgoto, água, resíduos, segurança, transporte, energia, meio ambiente, entre outros.
Com tantos segmentos beneficiados pela digitalização, há uma quantidade grande de dados coletados pelo poder público que precisam ser liberados para a população e para uso da iniciativa privada, incentivando dessa forma a participação social e criação de serviços ainda não imaginados.
Segundo Benelli, a partir do 5G, cria-se condições para compartilhamento de dados sobre monitoramento urbano, de energia (smart meter), iluminação pública, tráfego de veículos, coleta de lixo, clima e poluição.
O dado aberto, defendeu, melhora processos públicos, economiza tempo e dinheiro gastos com pedidos de acesso à informação, e ajuda a combater a corrupção. Além disso, as decisões de políticas públicas passam a ter embasamento em dados, com atenção e mobilização sociais.
Segundo ela, Londres, na Inglaterra, adotou uma política de dados abertos em 2018, compartilhando com o público 80 conjuntos de dados. No ano seguinte, foram criados por cidadãos ou empresas 600 aplicativos baseados nestes dados, que foram utilizados por 42% da população.
Na Europa, falou, o mercado de startups que trabalham com dados abertos de governos locais deve alcançar valor de € 334 bilhões em 2025. No mesmo ano, 1,97 milhão de europeus vão trabalhar com isso, prevê.
Ela sugere que, além das leis de antenas, as cidades se debrucem sobre a criação de marcos regulatórios para uso de dados abertos, que façam o governo local ser orientado a dados e tornarem o acesso à informação aberto por padrão.