Chile reacende disputa pela faixa de 6 GHz

Chile reverteu decisão sobre uso dos 6 GHz que destinou 1,2 GHz para o WiFi 6E, e reservou 700 MHz para eventual uso do celular

Um dos primeiros países do mundo a destinar integralmente a faixa de 6 GHz para uso do WiFi 6E, o Chile voltou atrás em outubro. Decisão da Subtel, a agência que regula as telecomunicações por lá, passou a prever que 700 MHz dos 1,2 GHz disponíveis irão para serviços celulares, o que pegou big techs de surpresa.

Isso gerou movimentos diversos na indústria de telecom. Por um lado, a GSMA, entidade mundial que representa as operadoras móveis, elogiou a medida em seus perfis em redes digitais.

Por outro lado…

Na última terça-feira, 11, foi a vez da Dynamic Spectrum Alliance (DSA) se manifestar com críticas à decisão. A entidade representa fabricantes de equipamentos WiFi e big techs, entre os quais Cisco, Meta Platforms, Google, HPE Aruba, Intel, Apple.

Representantes da DSA reuniram-se com o subsecretário de telecomunicações do Chile, Claudio Araya, para expressar descontentamento com a revisão. No encontro, disseram que a decisão faz o país entrar em desarmonia com os requisitos técnicos do 6 GHz para as Américas.

“A decisão traz insegurança jurídica para aqueles que já investiram, e planejam seguir investindo, em solução avançadas de banda larga sem fio para usuários chilenos”, alega a DSA.

A entidade diz que já havia equipamentos das associadas em fase de homologação no país, que usariam toda a faixa de 1,2 GHz, e agora seus projetos serão revistos. Afirma também que a medida traz incertezas sobre a viabilidade futura do WiFi 7.

Em resposta, Araya disse que vai pesquisar sobre o assunto, mas não se comprometeu em rever a mais recente decisão.

Martha Suarez, presidente da DSA, afirmou que espera retomada da reserva original da frequência de 6GHz. E que a justificativa da Subtel para rever a destinação se baseia em equívoco. Segundo a agência chilena, é preciso esperar a harmonização da faixa de 6 GHz, que será feita na WRC-23.

No entanto, a pauta da WRC-23 vai debater a harmonização para a Europa, África e Oriente Médio, e não para as Américas. Apenas a faixa de 7025 a 7125 MHz será alvo de harmonização mundial no evento.

Histórico

O Chile havia determinado em 2020 que a faixa iria inteira para para a banda larga fixa, logo após Coreia do Sul e Estados Unidos baixarem regulamentos do tipo. Após isso, foi seguido por Peru, Brasil, Canadá, Honduras, Guatemala, Costa Rica, República Dominicana.

No evento Mobile World Congress deste ano, no encontro de reguladores que acontece simultaneamente em Barcelona, houve pressão da indústria celular para os países que decidiram em favor do WiFi 6E revissem seus regulamentos. O Brasil foi um dos pressionados, mas segundo o presidente da Anatel, Carlos Baigorri, não existe intenção de rever tal destinação de espectro.

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Rafael Bucco

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