Celular e rede móvel lideram os acessos à internet por alunos nas escolas
Apesar de nove em cada dez escolas brasileiras possuírem acesso à internet, restrições de disponibilidade, falta de equipamentos e bloqueios à rede WiFi fazem com que o uso da rede para fins pedagógicos pelos alunos seja bastante limitado.
Pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), divulgada nesta segunda-feira, 25, aponta que 94% das instituições de Ensino Fundamental e Médio, públicas (municipais e estaduais) e privadas, têm acesso à rede. Contudo, em apenas pouco mais da metade (58%) os alunos contam com computadores e conectividade para navegar na web.
Segundo a TIC Educação 2022, 77% dos estudantes acessam à internet nas escolas para diversos objetivos (isto é, não apenas pedagógicos). O percentual cresce progressivamente conforme o avanço da idade: 50% dos alunos de 9 a 10 anos, 70% de 11 a 12 anos, 82% de 13 a 14 anos, 90% de 15 a 17 anos e 91% de 18 anos ou mais.
No entanto, nota-se que apenas 31% dos estudantes utilizam o WiFi da instituição para se conectar, taxa inferior ao de alunos que navegam pela rede móvel (42%) na escola. Inclusive, o estudo mostra que 81% dos estudantes do Ensino Médio e 55% dos que estão nos anos finais do Ensino Fundamental utilizam o celular para navegar enquanto estão na instituição de ensino.
Smartphones só não lideram entre os alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental (4º e 5º anos), atingindo 15% desses estudantes, contra 20% de notebooks e 25% de computadores de mesa disponibilizados pela própria escola.
Bloqueios à rede
A pesquisa mostra que restringir o sinal de WiFi é uma prática comum nas escolas brasileiras. Em 58% das instituições de Ensino Médio ou de Educação Profissional e em 59% das escolas com turmas até os anos finais do Ensino Fundamental, os estudantes não podem se conectar à rede via WiFi, cujo acesso ocorre mediante senha.
No Ensino Fundamental, essa medida também é observada em 46% das instituições. Ainda assim, é maior do que o de escolas que permitem o uso da rede sem fio com senha (44%) pelos alunos.
A conexão à rede móvel, portanto, é mais flexível, ainda que com algumas limitações. O uso do celular só não é permitido em 7% das escolas de Ensino Médio ou de Educação Profissional. O percentual de bloqueio cresce nas instituições até os anos finais (21%) e iniciais (42%) do Ensino Fundamental, mas não alcança a metade desses níveis de ensino.
“Os dados mostram que há uma necessidade de refletir sobre o uso da internet nas escolas. Com a proibição e a restrição, corremos o risco de inviabilizar o acesso a estudantes que já não tem conectividade em outros ambientes”, disse Daniela Costa, coordenadora da TIC Educação, durante evento online de apresentação do estudo.
O relatório também indica que, especificamente nas instituições públicas, o uso da internet pelos alunos é dificultado por fatores como a rede escolar não suportar muitos acessos ao mesmo tempo e o sinal não chegar às salas mais distantes do roteador.
Do ponto de vista dos alunos, tantos os do sistema público como os de escolas particulares, o ciclo pedagógico ocorre de forma off-line porque os professores não utilizam a internet em atividades (64% dos respondentes) e a escola proíbe o uso de telefone celular (61%) ou a navegação na web por qualquer meio (46%).
Para 84% dos professores, não se faz uso de tecnologias digitais em atividades de ensino porque não há computadores suficientes para docentes e estudantes nas dependências da escola.
Metodologia
Conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) e lançada pelo CGI.br, a edição de 2022 da TIC Educação realizou 10.448 entrevistas presenciais, entre outubro de 2022 e maio de 2023, com 1.394 escolas públicas (municipais e estaduais) e particulares. Ao todo, os pesquisadores ouviram 959 gestores escolares, 873 coordenadores,1.424 professores e 7.192 alunos.