Brasil será pioneiro em 5G na AL, mas ativação virá só depois de 2020, prevê GSMA
O Brasil está mais bem posicionado que os demais países da América Latina quando o assunto é disponibilidade de espectro. Somos o país com mais frequências já licenciadas para as operadoras, e mais devem ser leiloadas ainda neste ano. Como reflexo, deve ser o primeiro país da região a ativar redes 5G.
“Sempre estivemos mais avançados que os outros países em quantidade de espectro disponível. O que preocupa é a intenção de fazer novos leilões com objetivo arrecadatório”, diz Amadeu Castro, diretor da GSMA para o Brasil. A entidade representa operadoras e fornecedores de telefonia móvel, no mundo.
Ontem, o presidente da Anatel, Juarez Quadros, afirmou que a agência trabalha para vender o lote remanescente do último leilão de 700 MHz, feito em 2014, ainda este ano. A expectativa, disse a jornalistas, é que o leilão reforce o orçamento, uma vez que não estava nos planos do governo.
Castro torce para que a Anatel cobre um preço justo pelo lote. “O ideal é que definam um preço mínimo baixo, para deixar o mercado disputar o valor, afinal, é um leilão”, acrescenta o executivo. Hoje, 15, a GSMA lançou um estudo que mostra o impacto da definição de altos preços para frequências na América Latina. A região cobra preços mais altos que Europa, por exemplo, e ainda luta para instalar redes 4G, enquanto mercado maduros já investem em infraestrutura para a quinta geração de redes móveis.
Projeto 5G: 2020
Com 630 MHz de espectro disponível para as operadoras atualmente, o Brasil precisa quebrar a barreira dos 1 mil MHz disponíveis para falar seriamente em 5G, o que deve acontecer só depois de 2020. Para o executivo da GSMA, o país será o primeiro a ter uma rede do tipo em funcionamento na América Latina, seguido de perto por Chile, México e Argentina.
“As empresas devem começar a investir no 5G depois da convenção que definirá todos os padrões da 5G, marcada para o final de 2019. Somente depois disso vão começar a construir as novas redes no país”, prevê Castro.
Ele ressalta que a Anatel precisará adotar um cronograma claro de venda de espectro, uma vez que as redes futuras vão precisar de muito disponível. A prioridade deveria ser a venda de faixas em 3GHz, 20 GHz e 30 GHz. “Aí, a soma total de espectro em uso vai mudar muito. Tornar 100 MHz da faixa de 800 MHz é muita coisa, mas nos 30 GHz será preciso liberar 1000 MHz, já que essas frequências têm características e capacidades diferentes”, explica.
Castro acredita, no entanto, que a Anatel ainda vai demorar a vender essas faixas. “Seria bom que acontecesse logo depois da conferência”, torce. E cobra da agência um cronograma de longo prazo, para que as empresas possam planejar investimentos. “Seria interessante que a agência pudesse mostrar o que pretende fazer quanto à disponibilização de faixas”, conclui.