Brasil será pioneiro em 5G na AL, mas ativação virá só depois de 2020, prevê GSMA

Entidade cobra plano de leilões de espectro futuros para que empresas consigam programar investimentos.

ondas frequencia wikimedia

O Brasil está mais bem posicionado que os demais países da América Latina quando o assunto é disponibilidade de espectro. Somos o país com mais frequências já licenciadas para as operadoras, e mais devem ser leiloadas ainda neste ano. Como reflexo, deve ser o primeiro país da região a ativar redes 5G.

“Sempre estivemos mais avançados que os outros países em quantidade de espectro disponível. O que preocupa é a intenção de fazer novos leilões com objetivo arrecadatório”, diz Amadeu Castro, diretor da GSMA para o Brasil. A entidade representa operadoras e fornecedores de telefonia móvel, no mundo.

Ontem, o presidente da Anatel, Juarez Quadros, afirmou que a agência trabalha para vender o lote remanescente do último leilão de 700 MHz, feito em 2014, ainda este ano. A expectativa, disse a jornalistas, é que o leilão reforce o orçamento, uma vez que não estava nos planos do governo.

Castro torce para que a Anatel cobre um preço justo pelo lote. “O ideal é que definam um preço mínimo baixo, para deixar o mercado disputar o valor, afinal, é um leilão”, acrescenta o executivo. Hoje, 15, a GSMA lançou um estudo que mostra o impacto da definição de altos preços para frequências na América Latina. A região cobra preços mais altos que Europa, por exemplo, e ainda luta para instalar redes 4G, enquanto mercado maduros já investem em infraestrutura para a quinta geração de redes móveis.

Projeto 5G: 2020

Com 630 MHz de espectro disponível para as operadoras atualmente, o Brasil precisa quebrar a barreira dos 1 mil MHz disponíveis para falar seriamente em 5G, o que deve acontecer só depois de 2020. Para o executivo da GSMA, o país será o primeiro a ter uma rede do tipo em funcionamento na América Latina, seguido de perto por Chile, México e Argentina.

“As empresas devem começar a investir no 5G depois da convenção que definirá todos os padrões da 5G, marcada para o final de 2019. Somente depois disso vão começar a construir as novas redes no país”, prevê Castro.

Ele ressalta que a Anatel precisará adotar um cronograma claro de venda de espectro, uma vez que as redes futuras vão precisar de muito disponível. A prioridade deveria ser a venda de faixas em 3GHz, 20 GHz e 30 GHz. “Aí, a soma total de espectro em uso vai mudar muito. Tornar 100 MHz da faixa de 800 MHz é muita coisa, mas nos 30 GHz será preciso liberar 1000 MHz, já que essas frequências têm características e capacidades diferentes”, explica.

Castro acredita, no entanto, que a Anatel ainda vai demorar a vender essas faixas. “Seria bom que acontecesse logo depois da conferência”, torce. E cobra da agência um cronograma de longo prazo, para que as empresas possam planejar investimentos. “Seria interessante que a agência pudesse mostrar o que pretende fazer quanto à disponibilização de faixas”, conclui.

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Rafael Bucco

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