Anatel vai estudar tráfego de dados antes de reavaliar uso da faixa de 6GHz

O estudo irá atualizar as projeções de crescimento de tráfego da rede de telefonia móvel e da rede de banda larga fixa, para embasar qualquer tomada de posição sobre a faixa de 6 GHz.
Anatel quer comparar tráfego móvel e tráfego da rede fixa para a faixa de 6 GHz. Crédito-Freepick.
Anatel quer comparar tráfego móvel e tráfego da rede fixa Crédito-Freepick.

A Anatel estudar  detidamente o crescimento do tráfego móvel e do tráfego fixo antes de tomar  qualquer decisão sobre a ocupação da frequência de 6 GHz, que atualmente está inteiramente reservada para o WiFi6. Apesar da pressão da indústria de telefonia móvel sobre a comitiva brasileira que está presente no Mobile World Congress para uma revisão da destinação do espectro, este é um tema bastante sensível para a agência, que está dividida sobre a questão.

“Um aspecto importante para a agência é saber onde haverá mais consumo de dados. Se na telefonia móvel 5G, já com realidade aumentada e virtual,  ou no WiFi estático na residência. Nessa balança, teremos que dar mais capacidade para quem vai cursar mais tráfego com as melhores aplicações”, afirma fonte da Anatel.

Para outro interlocutor, o fato de a indústria de equipamentos não ter ainda produto para mostrar ao mercado, e equipamento  certificado pela Anatel, é um outro ingrediente que pressiona por uma revisão das atuais regras. Desde março de 2021, a Anatel aguarda pelos equipamentos, que não chegaram. ” O fato é que não tem ecossistema desenvolvido, e os fabricantes não convenceram as prestadoras a trocarem os roteadores”, argumenta o interlocutor.

Mas outros dirigentes da agência defendem a correção da decisão tomada e não prevê qualquer reavaliação. Para esse interlocutor, não haveria qualquer fato novo que justificasse mudar a decisão e, mesmo a falta de equipamentos homologados também não é vista com preocupação.

Falta de Padronização

Outro fator que pode pender para uma retomada de posição, assim que a Anatel terminar de estudar o tema – é que a destinação  de 1,2 GHz para um serviço fixo, como aconteceu no Brasil, só foi implementada, até agora, pelos Estados Unidos, Canadá e Peru, e essa falta de padronização em nível mundial nunca é bem-vinda por que encare os equipamentos e dificulta o lançamento de novos serviços.

Embora a maioria dos países ainda não tomou uma posição, na Europa a tendência é  que sejam destinados 500 MHz para o uso não licenciado, ou seja o WiFI6, reservados os demais 700 MHz para o serviço móvel.

O debate no Brasil deverá se prolongar por todo o ano de 2022. No próximo ano, haverá a Conferência  da  UIT – União Internacional de Telecomunicações – e a destinação desta faixa estará na pauta da decisão.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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