Anatel questionará satelitais para apurar ‘real capacidade’ da conexão
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) trabalha no levantamento de dados que possam mapear a capacidade de conexão dos satélites entre as prestadoras outorgadas no Brasil. O resultado vai auxiliar a elaboração de estratégias de gestão, incluindo programas que visam levar internet para regiões remotas.
A informação foi divulgada pelo conselheiro substituto Vinícius Caram, durante debate no Painel Telebrasil 2024 nesta quarta-feira, 6, em Brasília. O projeto envolve a Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação, onde atuava antes de assumir o posto temporário na diretoria.
“Temos um projeto dentro da agência que é pegar informações do setor de forma geral e colocarmos em um sistema de coleta para pegar as informações [como] quantos satélites foram lançados, quantos transponders, qual é a conexão de cada um e quantas pessoas simultâneas conectadas podemos ter”, acrescentou Caram à reportagem.
O conselheiro explica que tal análise da capacidade dos satélites no Brasil já foi mais simples, mas agora depende de mais informações por conta do avanço do setor. “Com essas novas constelações, não sabemos exatamente quantos transponders estão em cada milhares desses satélites que estão lançados, para saber qual é a capacidade real“, explicou.
Um dos casos de aplicação dos dados é responder questões sobre a conexão de escolas públicas. “Por exemplo, essa constelação que a Anatel deu autorização dá capacidade para atender algum projeto? Então, se tem que atender cada escola com ‘x’ mbps, temos que saber se tem [capacidade] ou se não tem”, afirma Caram.
Além de auxiliar nas decisões de impacto coletivo, a ideia é agregar as informações nos dashboards da Anatel, tornando a informação pública.
Especificamente no caso do projeto de conectividade em escolas, a missão está na alçada da Telebras. A velocidade mínima exigida pela Estratégia Nacional de Escolas Conectadas (Enec) para conexão via satélite é de apenas 20 mbps, desempenho menos exigente que a determinada para banda larga, por exemplo, que é guiada principalmente pelo conceito de ao menos 1 mbps por aluno, parte do que é considerado conectividade significativa.
Inovações e D2D
Ao participar de painel que discutiu a inovação na conexão satelital, Caram manifestou frustração com o andamento do sandbox regulatório do direct-to-device (D2D), conexão móvel via satélite considerada a grande aposta para a universalização do acesso.
“No momento, essas iniciativas – que têm um prazo para se encerrar no começo do ano que vem – ainda estão muito incipientes. Confesso que estou um pouco frustrado. Esperava já ter algo mais efetivo com esses sandboxes”, afirmou.
O conselheiro complementa que as soluções técnicas para o uso do sistema móvel são “desafiadoras”, mas há potencial.
“Apesar do sandbox estar um pouco incipiente, fizemos teste que mostrou que [com] o satélite passando os sinais vão responder a um pager […] e o futuro é caminhar para um aparelho convencional”, avalia.