América Móvil não vai elevar investimentos na América Latina em função da 5G
O presidente da América Móvil, Daniel Hajj, avisou hoje, 16, que a companhia não pretende elevar seus investimentos na América Latina em 2020 e 2021 para acelerar a chegada da 5G à região. Segundo ele, o patamar atual de investimentos é suficiente para melhorar as redes aos poucos, implementando mais fibra, e preparando o grupo para o melhor momento de lançar a nova tecnologia.
“Não vamos aumentar capex em 2020 e 2021 por causa do 5G. O que estamos fazendo é virtualizando a rede, adicionando mais fibra aos nós da rede. Nossa subsidiária a ter 5G logo será da Áustria, onde lançaremos em fevereiro, mas nos outros países, estamos apenas testando, melhorando a rede, deixando-a pronta para quando a 5G vier”, afirmou durante a conferência de resultados com analistas financeiros. A América Móvil é a holding dona da brasileira Claro.
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Hajj também falou sobre o mercado brasileiro, consolidação com a Oi e a necessidade por mais espectro, diante da proximidade de novos leilões. A seu ver, a Claro Brasil está bem posicionada para competir, graças a investimentos nos últimos dois anos em rede fixa e em 4,5G no móvel.
Ele comemorou o crescimento da empresa no pós-pago, o aumento da receita no pré-pago (mesmo com desligamentos líquidos), e a liderança no market share da ultra banda larga, em que chegou a fatia de 49%. Segundo os executivos da companhia, a rede fixa brasileira baseada em cabo HFC usa o Docsis 3.0, mas está pronta para migrar para Docsis 3.1, alcançando conectividade de 1 Gbps para competir com a fibra onde for necessário. Ressaltaram também que em novas cidades onde não tinham presença estão chegando com rede FTTH, usando o longhaul para puxar a rede de acesso em fibra.
Oi e espectro
Segundo Hajj, a América Móvil está atenta aos rumores de consolidação no mercado brasileiro. Ele se dispõe a negociar com as rivais. “Tem muitos rumores sobre venda de ativos ou da Oi inteira. Nós, América Móvil, temos interesse em fazer algo com a Oi, e estamos aberto a discussões”, falou aos analistas.
Ele também valorizou a compra recente da Nextel. “O espectro na Nextel será um acréscimo interessante, mas também teremos vantagem pela carteira de assinantes e infraestrutura da empresa”, disse.
O CFO do grupo, Carlos Morenos, lembrou que a tendência é de que o mercado brasileiro melhore para a Claro com consolidação ou retração da Oi. “Se um dos competidores está perdendo cliente, significa que está se concentrando mais”, frisou.
As mudanças recentes no marco legal do setor no país também vão trazer oportunidade no mercado secundário de espectro, avalia. “Espectro é importante para nós, e TIM e Vivo também terão alternativas para comprar mais. Mas o que é importante para nós no Brasil é termos uma boa rede fixa, móvel, de TV, a oferta dos combos. É a convergência que tem sido realmente importante para [o crescimento] da Claro Brasil”, disse Hajj.
Custos
O executivo descartou a venda ou separação estrutural de ativos, a exemplo do que vêm praticando o grupo espanhol Telefónica, que avisou no mês passado a estratégia de monetizar ativos de rede móvel. “Faz quatro anos que fizemos o spin off de nossas torres no México, por exigência regulatória, para os concorrentes as usarem. Hoje, do lado estratégico, não pensamos em spin off de torre alguma, nem data center, nem fibra. Estamos em boa posição financeira, então não temos nenhuma pressão para fazer isso”, completou.
Ele lembrou que a estratégia para melhorar EBITDA passa pela redução dos custos. “A América Móvil tem isso como foco em toda a América Latina. Estamos fazendo um grande controle com a estratégia de transformar a empresa em uma companhia digital, e estamos economizando muito com isso. Nosso atendimento ao cliente antes exigia a assinatura de papeis, hoje é tudo digital, estamos usando chatbots no atendimento”, disse.