5G vai adicionar R$ 330 bilhões às receitas das teles brasileiras até 2030

Projeção é da Ericsson, fabricante de equipamentos de rede. Empresa afirma também que 30% dos usuários móveis brasileiros pretendem trocar de operadora sem 5G para uma que já possua o serviço.

As operadoras de telecomunicações têm muito a ganhar com a chegada da quinta geração de redes móveis, 5G, ao Brasil. Mais exatamente, R$ 332 bilhões em receitas ao longo dos próximos dez anos, conforme cálculos da fabricante Ericsson.

A empresa, que defende a realização logo do leilão de espectro 5G, divulgou hoje, 14, estimativas sobre os impactos da chegada da tecnologia ao país. Diz a empresa que a atualização das redes é fundamental para as teles encararem o futuro. Isso porque as receitas tradicionais com conectividade que temos hoje vão crescer, em termos compostos, 1,6% ao ano até 2030. Já as receitas de digitalização do setor de TICs, catalisadas pela 5G, vão crescer 12% ao ano até lá.

Daqui a 10 anos, estima a fabricante, 36% das receitas das operadoras virão da 5G. A maior parcela, de cidades inteligentes. Mas haverá aplicações rentáveis no agronegócio, na indústria, na área de saúde e, claro, nos serviços de conectividade ao consumidor.

Vantagem do pioneiro

Segundo Vinicius Fiori, gerente de marketing para clientes da Ericsson, quem demorar para atualizar a rede vai perder mercado. Ele apresentou estimativas pelas quais um terço dos brasileiros dizem que migrariam para a primeira operadora que ofertasse serviços 5G. Outros 25% afirmaram que esperariam seis meses, e então migrariam.

Os dados se baseiam em pesquisas de opinião realizadas pela fabricante. As mesmas pesquisas indicam que o “early adopter” brasileiro aceitaria pagar um adicional de R$ 35 a suas contas de telefonia móvel para ter a quinta geração. Entre as pessoas “comuns”, que adotam novas tecnologias em um ritmo normal, 50% dizem que pagariam R$ 20 a mais.

“Ou seja, a chegada da 5G promoveria alterações no churn das operadoras e da receita média por usuário”, destacou o executivo. A pesquisa levou em conta a opinião de 1,5 mil brasileiros, coletadas em maio de 2019. Esse volume equivale a uma coleta de opinião de 64 milhões de habitantes.

Aplicações

A Ericsson também fez um mapa que busca prever a chegada de certas aplicações baseadas na 5G ao país. Pelas estimativas, em apenas um ano após a implantação das redes, haveria já impacto sobre produtos de entretenimento, jogos eletrônicos, banda larga móvel, banda larga fixa e comércio. No setor automotivo as mudanças chegariam um pouco depois, após um ano e meio.

O mesmo mapa indica quais serviços mais atraem o consumidor. No caso automotivo, o brasileiro está mais interessado em janelas que exibem realidade aumentada do que em carros autônomos, por exemplo. No mercado de entretenimento, o grande desejo recai sobre a possibilidade de escolha de diferentes ângulos em um evento ou a imersão em 360 graus.

O maior interesse está, porém, na boa e velha conectividade, com quase 95% das pessoas falando que anseiam por banda larga móvel na casa dos gigabits e por formas de ver TV usando as novas redes móveis.

5G com espectro 4G

A Ericsson aproveitou o evento virtual de hoje, no qual revelou tais pesquisas, para anunciar o lançamento do Ericsson Spectrum Sharing. O produto é instalado nas atuais redes 4G das operadoras. Ele reserva parte do espectro em uso por qualquer dessas tecnologias para aplicações 5G.

Ou seja, desde já as operadoras podem implantar redes 5G, sem ter de esperar um leilão por mais espectro. O que elas já possuem permite que entreguem novas experiências. Por exemplo, com um pouco do espectro 4G já dá para ofertar produtos de conectividade com latência de 1 milissegundo.

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Rafael Bucco

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