4 anos do Pix: de inclusão financeira a melhoria de serviços bancários

Neste artigo, Igor Castroviejo, da 1datapipe, avalia benefícios do Pix e aborda perspectivas futuras com uso de tecnologias como IA

pix promove inclusão financeira

Por Igor Castroviejo*

O Pix vem ganhando cada vez mais força no Brasil e se tornando o principal motor nos pagamentos nacionais. Para se ter uma ideia, o método bateu, recentemente, recorde de 227 milhões de transações em um único dia, segundo dados do Banco Central. Além disso, a plataforma tem promovido a inclusão financeira por aqui, sendo responsável por trazer mais de 71 milhões de cidadãos ao mercado, de acordo com a autarquia, sendo os estados com menos agências bancárias os que mais utilizam a ferramenta.

Já um outro estudo, feito pelo Centro de Pesquisas Econômicas e Empresariais do Reino Unido, ainda aponta que o nosso país avançou 14 posições no ranking mundial de inclusão financeira entre os anos de 2022 e 2023. Tudo graças à utilização de serviços digitais como o Pix. E não é para menos, já que a ferramenta deixou as transações mais efetivas e simples. Se antes era necessário andar com a carteira, dinheiro e cartões a tiracolo, agora é possível fazer pagamentos e compras em poucos cliques por meio de um celular contendo um pacote de dados. O melhor é que não é necessário pagar taxas bancárias. Por conta disso, a plataforma ganhou uma grande popularidade, com cerca de 42 bilhões de transações no último ano, segundo dados do Banco Central.

No entanto, um ponto pouco imaginado pela maioria das pessoas é o quanto a ferramenta também ajuda os bancos aumentarem a sua oferta de serviços. Apenas para contextualizar, um estudo recente da ACI Worldwide aponta que os métodos real-time, o qual o Pix faz parte, contribuirão para 2,8 milhões de novos correntistas, representando lucros potenciais de US$ 8,9 bilhões para as instituições financeiras brasileiras até 2028.

E como isso pode acontecer? Todos sabemos que as instituições financeiras se utilizam de diversos bancos de dados para conhecer potenciais clientes na hora de oferecerem produtos, ainda mais aqueles relacionados a créditos e empréstimos. Por um longo período, as autarquias se baseavam em informações muito superficiais na hora dessa avaliação, como o fato de a pessoa ter conta bancária ou emprego com carteira assinada. E isso acabava sendo uma desvantagem, pois no Brasil são mais de 4 milhões de indivíduos sem conta em banco, de acordo com o Instituto Locomotiva, e 38% trabalhando informalmente, segundo o PNAD. Então, como abranger essas pessoas?

De acordo com o estudo IBM Institute for Business Value (IBV), 78% dos bancos ao redor do mundo estão utilizando Inteligência Artificial para melhorar essa relação com seus clientes e gerar mais negócios. E trazendo o dado para um contexto mais regional, uma pesquisa da Deloitte aponta que 96% das instituições financeiras do Brasil já possuem esse tipo de tecnologia, sendo a automação robótica de processos um dos maiores trunfos.

O fato é que com o uso de soluções de Inteligência Artificial combinadas com análise de dados, os bancos têm conseguido atingir uma camada maior de informações de possíveis clientes, como histórico de compras online, comportamento na internet e pagamentos de contas ou serviços que foram feitos via Pix. Assim, sem aquela limitação anterior, mais pessoas são abrangidas pelas instituições e têm acesso a crédito. Ao mesmo tempo, as autarquias conseguem fechar mais negócios.

E voltando a falar do Pix, se formos considerar que, no último ano, dados do Banco Central apontam que a ferramenta movimentou R$ 17,18 trilhões, os bancos agora têm acesso ao histórico de pagamentos de milhões de pessoas. Isso porque um outro estudo, dessa vez da Fiserv, aponta que 9 em cada 10 brasileiros utilizam a ferramenta para pagar lojas. Assim, as instituições conseguem conhecer melhor o potencial cliente, sabendo quanto ele gasta, onde costuma fazer compras, qual o seu perfil de produtos, a localidade dos comércios que frequenta. Tudo isso vale ouro e serve como insumo na hora de personalizar produtos e serviços financeiros.

Com isso, podemos concluir que o Pix é mais do que um simples método de pagamento. É uma ferramenta que revolucionou a forma como as pessoas fazem transações no Brasil, permitindo também que mais cidadãos sejam parte do mercado financeiro nacional. Além disso, possibilitou uma gama maior de serviços por parte dos bancos, movimentando a economia nacional e contribuindo para um cenário mais inovador e democrático.

*Igor Castroviejo é diretor comercial da 1datapipe*diretor comercial da 1datapipe

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