Brasil é ideal para data centers de IA, avalia diretor da Schneider Electric

Para Davi Lopes, da Schneider Electric, matriz energética limpa brasileira deve ser ampliada para atender à crescente demanda dos data centers de IA

O alto consumo energético dos data centers especializados em inteligência artificial, ao mesmo tempo em que as empresas do mundo todo abraçam conceitos sustentáveis, deve ser encarado como oportunidade pelo Brasil para atrair investimentos no segmento. A avaliação é de Davi Lopes, diretor de distribuição e transformação digital da Schneider Electric.

A empresa, que fornece sistemas de gerenciamento de energia, calcula que até 2028 a demanda por energia de data centers no Brasil representará cerca de 12,5% do consumo brasileiro. Serão cerca de 20 Gigawatts consumidos no ano, para uma produção total de 255 Gigawatts – esta última, estimativa do Operador Nacional do Sistema (ONS).

“É muito mais fácil para o Brasil, que tem matriz hidroelétrica, solar e eólica, alimentar os data centers. É fácil escalar com baixo impacto pois não precisamos ir para matriz fóssil ou nuclear”, avalia o executivo da Schneider Electric.

Ao mesmo tempo, o movimento brasileiro da última década de abrir o mercado de geração distribuída tem dado resultados e condições para facilitar a entrada de mais centros de dados por aqui, capazes de comprovar que utilizam energia limpa aos investidores.

Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) brasileira mostram o avanço exponencial da geração distribuída. Nos últimos cinco anos, o cenário passou de 686 Megawatts produzidos por geração distribuída para 26 Gigawatts em GD. A quantidade de consumidores foi de 101 mil para 3,4 milhões.

“O consumo de um data center de IA é muito mais alto, e o modelo de funcionamento também é diferente. Ele vai do repouso à carga máxima muito rápido, e exige muita energia. O ar condicionado tem que variar muito rápido também, então toda a cadeia consome mais”, observa.

Localmente, lembra Lopes, há ainda muito território para construção de usinas solares e eólicas, resultando em uma matriz desejada pelos data centers. Com tamanho potencial, diz, é de se esperar que os data centers focados em IA venham para cá.

Dados do site Data Center Map indicam que há no Brasil atualmente 134 data centers, mais do que o Japão. A maioria fica em São Paulo e Rio de Janeiro. A título de comparação, a Alemanha tem 309 data centers, Argentina, 29, Estados Unidos, 2.769, e México, 43.

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Rafael Bucco

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