Amplia-se a queda de braço entre emissoras e operadoras de TV

A Simba Content - que congrega Record, RedeTV! e SBT- avisa que vai tirar seus canais de todas as operadoras de TV paga porque elas não aceitam pagar pelo conteúdo. Mas a ABTA (que representa as operadoras) informa que nem todas as empresas foram procuradas e sequer sabem o valor que está sendo pedido. Em Brasília, a NET tirou a programação do ar.

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A queda de braço entre as emissoras de TV aberta – Record, SBT e RedeTV!, reunidas na Simba Content-, e as operadoras de TV chegou ao grande público com a troca de mensagens institucionais por parte dos dois lados. Desde ontem as empresas de radiodifusão veiculam a informação a seus telespectadores  que a partir de amanhã, 29 de março, os seus canais deixarão de ser exibidos simultaneamente pelas principais operadoras de TV paga: NET, Claro, Embratel, Vivo, Oi e Sky.

E justificam: “essas empresas ainda não concordaram em pagar pelos direitos de transmissão do sinal digital de RecordTV, RedeTV! e SBT, ao contrário do que já fazem com os canais estrangeiros e com outras emissoras nacionais”.

Mas a ABTA – entidade que representa as operadoras de TV paga – divulgou nota oficial ontem, 27, alegando que a maior parte das operadoras de TV por assinatura  “sequer recebeu uma proposta comercial da Simba até esta data”.

Se nem todas as empresas receberam qualquer proposta para começar a negociar o preço desses canais – pelo menos o grupo América Móvil (que congrega as operadoras Claro, NET e Embratel) – está informando a seus assinantes que esses  canais vão mesmo sair de seu line up.

Em Brasília, a NET deixa de transmitir esses canais a partir de hoje, 28, conforme o comunicado da empresa. Em todos os informes, porém, os dois lados afirmam que “continuam a negociação em busca de um acordo”.portal-telesintese-comunicado-net-tv-aberta-digital

O que mudou, afinal?

A lei do SeAC (TV paga) acaba com o must carry dos canais da TV aberta a partir do momento em que esses canais se transformam em digitais. O must carry é a obrigação que as operadoras de TV paga têm de carregar, gratuitamente, todos os canais de TV aberta em sua grade de programação.

A partir da nova lei, as emissoras de TV passam a ter mais poder de barganha, com a transição para o sinal digital. E passam a ter duas opções para a sua programação: fazer com que as operadoras transmitam os seus sinais gratuitamente ou passem a vender esse conteúdo para as teles. As três emissoras criaram essa nova empresa – a Simba Content – justamente para aumentar o seu poder junto às teles e forçar a venda de seu conteúdo.

E a questão é que essas emissoras estão exigindo um preço muito alto por assinante – comenta-se que o valor é de mais de R$ 10,00 por cliente – preço esse que não está sendo aceito pelos grupos que já receberam a proposta. Agora, as emissoras, ao comunicar a seus telespectadores que deixarão todas as operadoras de TV paga, estão querendo provocar um constrangimento nacional e forçar assim a aquisição de seus canais sob suas condições.

Novos lances ainda ocorrerão até amanhã, quando sairão do ar os sinais analógicos dessas TVs, passando a ser totalmente digital na região metropolitana de São Paulo, o maior mercado de TV paga, e por isso mesmo o de maior interesse das emissoras, que contam com a TV paga para financiar os seus combalidos caixas.

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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