Veja porque o satélite não quer a faixa de 6 GHz fatiada para o IMT

As empresas de satélite alegam que a tecnologia IMT, do celular, poderá causar interferência nos serviços prestados por elas na banda C.
satélite IMT
Atualmente, quase 70% dos satélites em operação atuam para comunicação comercial | Foto: rawpixel.com/Freepik

As operadoras de satélite não querem que a Anatel conceda um pedaço da faixa de 6 GHz para a tecnologia IMT do celular. Essa posição foi externada pelo Sindisat, na consulta pública da agência que terminou essa semana, em nome das operadoras Eutelsat do Brasil, Globalstar do Brasil, Hispamar Satélites, Intelsat do Brasil, New Skies Satellites e SES DTH do Brasil.

A entidade depreende da consulta que a agência pretende mitigar possíveis interferências entre redes IMT e Pontos de Acesso que operam em 5.925 MHz a 7.125 MHz, se a faixa de frequência de 6.425 MHz a 7.125 MHz for destinada para sistemas IMT em um futuro próximo no Brasil.

Mas a entidade alega que esse pedaço de espectro já foi destinado, em caráter primário, ao Serviço Fixo por Satélite (“FSS”), e é utilizado por satélites no Brasil, inclusive por um satélite brasileiro. Segundo o segmento espacial, essa banda “é usada extensiva e intensivamente para uma ampla gama de aplicações de satélite com requisitos de alta disponibilidade, incluindo transmissão (programação nacional e internacional, notícias, esportes ao vivo, etc.), redes governamentais e de defesa e conectividade”.

Interferência

O Sindisat mostra-se preocupado com uma mudança de decisão da agência, que destinou toda a frequência para o WiFi, porque, segundo ele, o IMT, a tecnologia do serviço celular, pode provocar interferência nos sinais da banda C do satélite. Afirma a entidade: Se for permitida a implantação de serviços móveis, a ampla implantação de estações rádiobase e a proliferação em massa e o efeito cumulativo de milhões de dispositivos na faixa de 6.425-7.025 MHz causarão interferência prejudicial aos sinais aos receptores da estação espacial.  Em outras palavras, um satélite geoestacionário pode “ver” cerca de um terço da superfície terrestre e, portanto, receberia interferência de potencialmente milhões de estações base e terminais móveis.

Para o setor satelital, ainda,  “a introdução de serviços IMT em 6.425-7.125 MHz perturbaria muitos serviços de satélites críticos em operação no Brasil, fazendo com que qualquer mudança regulatória nessa direção contrarie as determinações da UIT”.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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