Uso de Inteligência Artificial é debatido no MPF
O uso de inteligência artificial (IA) nas rotinas do Ministério Público Federal foi debatida em evento realizado na semana passada. O 1º Meet Up de IA do MPF trouxe novidades que estão sendo desenvolvidas, como assistente virtual para atendimento interno e do cidadão, uso de machine learning para melhoria na precisão das buscas do Aptus e automação para análise de interesse em Mandados de Segurança.
O secretário-geral do MPF, Alexandre Camanho, justificou a importância de se debater a temática agregando experiências da academia, do setor privado, de órgãos de governo e do próprio Ministério Público. Ao levantar o questionamento da necessidade de uma inteligência artificial no âmbito do MPF, Camanho foi categórico: “A tecnologia no serviço público tem que ter como único propósito servir as pessoas”.
Camanho lembrou ainda que, em tempos de Emenda Constitucional 95/2016 – que instituiu o teto dos gastos públicos – , a reposição dos recursos humanos na instituição está prejudicada, e a falta de servidores poderá acarretar uma crise no atendimento ao público. Para ele, a IA seria uma resposta a essa crise. “Que o resultado de encontros como esse seja, a curto prazo, fazermos da IA algo simples e essencial”, pontuou.
Participaram dos blocos de discussões: Carla Rocha, do Laboratório Avançado em Produção, Pesquisa e Inovação em Software da Faculdade do Gama da Universidade de Brasília (Lappis – FGA/UnB); Alexandre Dietrich, especialista em Inteligência Artificial da IBM; Valéria Nakano, auditora do Tribunal de Contas da União; Valéria Maria Pinheiro, assistente da Gerência de Inovação do Departamento de Experiência do Usuário de Serviços Públicos da Secretaria de Governo Digital; e Marcos Machado coordenador no Departamento de Tecnologia da Informação no Banco Central. Em uma conversa descontraída, eles abordaram a aplicação da inteligência artificial, as novas oportunidades e tendências do mercado.
Projetos MPF
Entre cada um dos blocos de entrevistas, os projetos que vêm sendo desenvolvidos no âmbito do Comitê de Inteligência Artificial da Secretária-geral foram apresentados para que os participantes pudessem fazer críticas, sugestões ou colaborar de alguma forma.
O primeiro foi o IAptus, apresentado pelo servidor João Carlos Silva Nobre. A ferramenta está dentro do principal indexador utilizado no MPF. O trabalho consiste em uma solução para acurácia das pesquisas com uso de machine learning e inteligência artificial, para facilitar o trabalho de membros e servidores. Dentre os destaques estão a classificação e a marcação de sentenças oratórias e a padronização dos termos de busca.
Já a Iara é a assistente virtual em desenvolvimento mostrada na exposição do servidor Jerônimo Avelar. A atuação inicial do chatbot será na intranet do MPF, tirando dúvidas sobre questões relacionadas à Secretaria de Gestão de Pessoas, como férias e regime de teletrabalho. O objetivo é que futuramente seja estendida para o atendimento ao cidadão. Saiba mais aqui.
Em sua explanação, o servidor Thiago Vieira mostrou como o desenvolvimento de uma ferramenta poderá terminar em três produtos para o MPF: a automação da análise de interesse em Mandados de Segurança nos ofícios de Custo-Legis da PR-DF, da ciência de sentenças em Mandados de Segurança e o encaminhamento automático de manifestações da Ouvidoria para o Serviço de Atendimento ao Cidadão nos casos devidos.
Experiências externas
Três experiências externas foram apresentadas.: o sistema Análise de Licitações e Editais do TCU (Alice); o chatbot do portal de serviços do governo Federal, gov.br (Lucia); e o Laboratório de Inteligência Analítica do Banco Central (Lia). Saiba mais sobre elas:
Alice: A IA coleta arquivos e dados de todas as licitações e atas de realização de pregão eletrônico publicadas diariamente no Portal de Compras do Governo Federal (Comprasnet) e testa tipologias (possibilidades de inconsistências) nos dados obtidos. Essa análise gera uma classificação de risco na licitação ou ata em questão, além de listar os itens que podem vir a criar problemas para a correta efetuação do pregão ou licitação.
Lucia: Assistente virtual habilitada a prestar informações e tirar dúvidas sobre mais de 90 serviços públicos federais, inicialmente. O objetivo é que, em breve, ela consiga responder sobre os 3 mil serviços públicos federais disponíveis no Portal. Lúcia foi desenvolvida dentro da plataforma cognitiva Watson e está sendo treinada pelos mais de 18 mil acessos mensais e uma equipe de curadoria que a monitora diariamente
Lia: surgiu da necessidade de uma plataforma integradora para os projetos, hoje dispersos em várias iniciativas isoladas e não integradas. É uma iniciativa do Departamento de Tecnologia da Informação para oferecer um conjunto de serviços e plataformas compartilhadas que alavanquem de forma corporativa o uso de técnicas de mineração de dados e machine learning nos mais de 250TB de dados do Banco Central. O laboratório oferece um conjunto de ferramentas com ambientes pré-configurados, exemplos de soluções e o serviço de consultoria aos projetos. O objetivo da consultoria é avaliar a viabilidade dos projetos, propor as melhores soluções, além de disseminar as boas práticas.(Com assessoria de imprensa)