Telefônica Vivo encerra acordo com MVNO da Assembleia de Deus

Mais AD foi lançada em 2015 com meta de ser maior MVNO em número de assinantes do mundo. Chegou a 2020 com 9 mil chips vendidos e disputando R$ 17 milhões com a Telefônica.

 

A Telefônica Vivo e a operadora móvel virtual da Assembleia de Deus não são mais parceiras na oferta de serviços telefônicos móveis. A ruptura definitiva se deu em 5 de abril. Em seu site, a Vivo publicou comunicado informando que a Mais AD já não tem mais qualquer vínculo com a companhia.

A Vivo explica que os usuários que não migraram para planos da própria Vivo nem pediram portabilidade numérica tiveram os números desligados automaticamente. A base de clientes era toda pré-paga.

O contrato original tinha duração prevista de 5 anos, com renovação sucessiva. A expectativa dos fundadores, na ocasião do lançamento da MVNO, era uma colaboração de ao menos 10 anos. A parceria termina, portanto, na metade do tempo idealizado.

Pelo acordo, a Vivo seria a operadora de origem, e a Mais AD, a operadora credenciada. Neste modelo de negócio, a Vivo era responsável pela infraestrutura, cobrança (billing), atendimento, enquanto a MVNO se encarregava do marketing e vendas dos chips móveis.

Vendas baixas

Criada em 2015 pelo investidor Ricardo Knoepfelmacher (ex-Brasil Telecom) com o objetivo de se tornar “a maior operadora móvel virtual do mundo“, a Mais AD não atingiu a meta. A Movttel, responsável pela operação, projetava forte apelo comercial e acreditava na demanda do público no segmento religioso. A Assembleia de Deus tem mais de 23 milhões de fiéis.

A estratégia, na época do lançamento, previa a venda de SIM cards em 45 templos. Os pastores apoiariam a divulgação, e a MVNO contaria ainda com “voluntários” para levar o chip a novas freguesias. Ao término da relação com a Vivo, porém, a Mais AD tinha 1,6 mil usuários ativos apenas, segundo a Vivo. Conforme a Mais AD, os clientes seriam 9 mil.

A Mais AD chegou a fechar acordo no final de 2019 com a enabler Dry Company, que assumiria a gestão dos clientes. A Dry tem acordo com a Surf Telecom e usa a infraestrutura dessa empresa para a oferta de serviços móveis virtuais de times de futebol. O site da Mais AD, no entanto, está fora do ar.

A cisão entre Vivo e Mais AD se deu por intermédio da Anatel. A Mais AD levou à Anatel reclamação de que não recebeu repasses da Vivo. A Vivo, por sua vez, alegou inadimplência da Mais AD quanto à taxa de implementação da MVNO já no começo da operação. A Vivo afirma que tem a receber R$ 2 milhões, enquanto a Mais AD diz que aguarda o pagamento de R$ 17 milhões. A disputa foi levada à Justiça pela Mais AD, e ainda será julgada.

[Atualizado em 28 de abril]

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Rafael Bucco

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