Telefónica aberta a mais operadoras no acordo de compartilhamento da rede 2G

CFO e CEO do grupo espanhol afirmam que não há sentido em manter altos investimentos em redes legadas, que pouco dão retorno, quando novas tecnologias se avizinham.

O CFO do grupo espanhol Telefónica, Ángel Vilá, disse hoje, 25, que espera a adesão de mais operadoras ao acordo de compartilhamento da rede 2G estabelecido com a TIM. O acordo foi anunciado nesta semana que prevê que Vivo e TIM compartilhem infraestrutura e espectro no 2G, liberando parte das frequências para serem usadas no LTE (4G).

“Anunciamos um MOU com a TIM que é aberto para outras partes”, falou. Segundo ele, o objetivo do acordo é retirar o foco de tecnologias legadas e dividir os custos de investimentos em novas tecnologias. “No compartilhamento 2G, vamos desligar uma das duas redes, – ou caso mais alguém se interesse em participar, das redes adicionais – em cada uma das regiões. Essa prática poderá ser estendida ainda a qualquer geografia onde operamos”, falou Vilá a analistas na conferência de resultados do segundo trimestre.

O CEO da companhia, José María Álvarez-Pallete, acrescentou que “qualquer elemento de rede que não representes uma vantagem competitiva comercial é um candidato ao compartilhamento”. As opções, no caso, passam por acordos envolvendo infraestrutura, acessos, transporte e roaming.

“Não faz sentido cedermos acesso à nossa novíssima rede de fibra. Nem preservar as redes 2G e 3G enquanto investimos na 5G. Isso explica os acordos com TIM, Vodafone [no Reino Unido] e Millicom na Colômbia. E estamos trabalhando neste momento com vários projetos do mesmo tipo”, avisou.

Venda de ativos

O CEO do grupo espanhol Telefónica afirmou na conferência que mais ativos do grupo podem ser vendidos nos próximos meses, mas ressaltou que não há pressa. “Classificamos nossos ativos em três categorias: aqueles essenciais, os que vamos desenvolver, e os que queremos desinvestir. E nisso há geografias [operações inteiras em países], infraestrutura e produtos e serviços”, ressaltou.

Ele deu a entender que Brasil e Alemanha são ou ativos essenciais, ou que ainda vão se desenvolver mais. A empresa vendeu este ano suas operações na América Central para a América Móvil (dona da Claro). Tentou, em 2016, se desfazer da O2, operadora móvel do Reino Unidos, sem sucesso. Pallete diz que, qual seja a decisão, o grupo não tem pressa.

A empresa pode vender torres, através de uma operação estruturada entre as operações de diversos países. Segundo ele, vender apenas torres de um país se tornou um jeito muito caro de obter dinheiro devido aos novos padrões de contabilidade IFRS. “Mas se pensarmos que a Telxius [subsidiária de infraestrutura do grupo] tem 17,55 mil torres, e nós ainda temos 20 mil torres na Alemanha, dá pra ter uma ideia do valor potencial dos ativos e o impacto sobre a redução da dívida”, disse. A dívida líquida da companhia ficou em € 40 bilhões em junho, 5,7% menor que no mesmo mês de 2018.

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Rafael Bucco

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