Telebras pede ao mercado propostas para ampliar cobertura satelital no Norte e Nordeste
A Telebras abriu hoje, 7, consulta ao mercado sobre como ampliar sua capacidade satelital nas regiões Norte e Nordeste do país. A estatal também quer sugestões de como pode ocupar a posição orbital 57W, solicitada pela empresa à União Internacional de Telecomunicações (UIT).
O pedido de uso brasileiro da posição expira em 2031 no organismo internacional, responsável pela coordenação global de interessados. “A implementação bem-sucedida desse projeto pode garantir não apenas o direito de uso desta posição orbital pela Telebras, mas também reforçar significativamente sua infraestrutura de telecomunicações nas regiões norte e nordeste do Brasil, áreas que são de importância estratégica para a empresa e para o país”, traz o documento.
Segundo a companhia, o SGDC, satélite que utiliza para atendimento de políticas públicas em banda Ka e cuja capacidade é divida com o Exército (usuário da banda X) está no limite de sua capacidade. “A Telebras, ao enfrentar o desafio da saturação do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) nas regiões Norte e Nordeste, evidencia a necessidade crítica de expandir sua cobertura satelital”, explica.
Com a RFI, a empresa quer saber quais alternativas dispõe para ampliar sua rede, seja atrás da aquisição de capacidade adicional em satélites existentes, seja por meio de implantação de infraestrutura própria, “incluindo serviços de instalação, ativação, suporte e manutenção, não se restringindo a essas alternativas”.
Os interessados devem propor soluções que prevejam integração com a rede existente e com camada de segurança de dados. Além disso, os critérios de análise de soluções e fornecedores incluirão “a solução técnica, o custo relativo à cobertura e à capacidade ofertada, a amplitude e variedade de serviços adicionais incorporados”, acrescenta.
O que a Telebras procura
A Telebras trabalha com três alternativas de soluções a contratar. São elas:
Prestação de Serviços de Acesso à Internet Via Satélite – em que seria contratado um fornecedor externo para prover integralmente a banda larga satelital, já incluindo equipamentos VSats e seus acessórios, logística, survey, instalação física, transmissão e recepção de dados, saída de internet IP, manutenção, suporte, gerenciamento e monitoramento.
Contratação de Segmento Espacial – aqui, a empresa alugaria capacidade espacial de um fornecedor. A própria estatal então seria responsável para infraestrutura terrestre, incluindo gateways e VSats. Manutenção e suporte seriam terceirizados. E o gerenciamento seria feito a partir da própria infraestrutura terrestre e quadro de funcionários atual.
Aquisição de um ou mais satélites – por fim, a terceira alternativa que a Telebras analisará prevê a compra de um novo satélite (ou mais de um), com a operação feita pela estatal ou em cooperação com o fornecedor do satélite. A grande diferença sobre a alternativa 2 seria a garantia de que toda a capacidade do artefato é da empresa.
A empresa diz que estes são os cenários em que vai trabalhar com mais afinco, mas não descarta acordos de compartilhamento de capacidade, contratações empresariais ou “parcerias associativas” para compartilhamento de riscos, locação de capacidade em satélites internacionais, uso de recursos incentivados para desenvolvimento de infraestrutura, desenvolvimento e lançamento de nanossatélites, acordos de roaming, investimento em banda larga terrestre complementar (como redes móveis 4G/5G).
A estatal estima que há nas regiões Norte e Nordeste 43 mil entes de Estado que podem se beneficiar dessa expansão de cobertura, além de 20,3 mil escolas no Norte e 49,95 mil no Nordeste. A contratação prevê também atendimento pelo Gesac, que concentra 29,5 mil pontos na área delimitada, o que sinaliza demanda de ao menos 6 Gbps no Norte e de 6,9 Gbps no Nordeste, um total de 16,5 Gbps de capacidade. “Uma projeção linear desses valores, poderia levar a demanda para 10,7 Gbps no Norte e 12,3 Gbps no Nordeste”, calcula.