Tecnologia transforma rede ociosa em supercomputador

Nvidia trabalha em sistema capaz de redirecionar poder de processamento de uma rede móvel ociosa a fim de gerar nova linha de receita para as operadoras de telecomunicações

Uma nova tecnologia em desenvolvimento pela Nvidia, batizada de IA Aerial, promete gerar uma nova frente de receitas para as operadoras de telecomunicações no futuro próximo. Trata-se de um sistema capaz de identificar quando uma rede está ociosa e redirecionar o poder computacional dos equipamentos para processamento de inteligência artificial.

Chris Penrose, chefe global de desenvolvimento de negócios para telecomunicações na big tech
Chris Penrose, chefe global de desenvolvimento de negócios para telecomunicações da Nvidia

Este poder poderá então ser utilizado pela própria tele para rodar soluções de IA generativa, ou ser comercializado para melhorar o processamento GenIA para terceiros, como uma espécie de supercomputador de uso público. E tal capacidade poderá ser comercializada como são os serviços em nuvem.

Promissor? A empresa vem trabalhando na tecnologia há sete anos. Idealizada para o 6G, pode ser antecipada para lançamento ainda em 2025, beneficiando já as redes 5G, estimou ao Tele.Síntese Chris Penrose, chefe global de desenvolvimento de negócios para telecomunicações na big tech.

“As operadoras são obrigadas a construir redes para operar no pico da demanda, mas na maior parte do tempo os equipamentos estão com capacidade de rede ociosa. A tecnologia vai permitir redirecionar o poder desses equipamentos nos horários de menor uso”, disse o executivo.

A plataforma começa a ser utilizada pela Softbank no Japão ainda neste ano, diz o executivo. Nos Estados Unidos, a T-Mobile também prepara a implantação da tecnologia da Nvidia em parceria com Ericsson e Nokia. “Veremos algo saindo ano que vem para redes 5G Advanced”, acrescentou.

A plataforma, claro, vem com um custo. Hoje as redes são na maior parte proprietárias e fechadas. Para a plataforma funcionar, as redes precisam ser abertas. A recomendação é que as teles façam desde já investimentos em equipamentos que permitam esta reconfiguração – compatíveis com OpenRAN. “A proposta é que não é necessário fazer investimento apenas em redes proprietárias, mas dedicar uma parte para equipamentos abertos que tenham múltiplas propostas desde já”, acrescenta.

Conhecida por fabricar GPUs, unidades de processamento gráfico, chips que são utilizados para gerar imagem e, cada vez mais, para inteligência artificial, a Nvidia vem investindo também no desenvolvimento de software para o mercado de telecomunicações a fim de dotar a redes de mais capacidade para lidar com a IA.

A perspectiva de utilizar poder de processamento ocioso de ERBs para finalidades além da conectividade se insere no objetivo da Nvidia de fornecer cada vez mais softwares que utilizem inteligência artificial para reduzir os custos com a gestão e funcionamento das redes, seja ao longo de toda sua extensão, seja só na borda ou só no core, explicou Penrose, que esteve no Brasil nesta semana para participar da Futurecom e mostrou, ao lado da Dell Technologies, alguns dos equipamentos que podem ser implantados no “edge” para as redes incorporarem IA.

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Rafael Bucco

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