S&P prevê redução do capex da Oi nos próximos dois anos

A previsão é que a operadora gaste R$ 1,7 bilhão em 2021 e R$ 1,5 bilhão em 2022, ante os R$ 7 bilhões de 2020

A empresa de análise de crédito Standard & Poor’s soltou na sexta-feira, 16, um relatório sobre o crédito da Oi. Conforme o relatório, ficou menos arriscado comprar dívida da operadora brasileira em função da aprovação do aditamento ao plano de recuperação judicial, ocorrida em setembro. Embora preveja redução das receitas, diz que também que haverá queda forte nos investimentos.

Nos próximos dois anos, a Oi deverá puxar o freio do Capex, prevê a S&P. A expectativa é que a companhia abandone o patamar atual, na casa dos R$ 7 bilhões, e gaste R$ 1,7 bilhão em 2021 e R$ 1,5 bilhão em 2022. O movimento tem objetivo de diminuir a queima de reservas. Mesmo com a diminuição, o fluxo de caixa livre será negativo “ou próximo de zero porque os investimentos em fibra levarão alguns anos para gerar retorno”, explica o relatório.

Infraco

A S&P avalia que a Oi sairá enxuta da recuperação judicial. “A previsão de receitas anuais é de aproximadamente R$ 11 bilhões e a geração de EBITDA de cerca de R$ 2,3 bilhões em 2021, em relação aos R$ 18,5 bilhões e R$ 6,0 bilhões em 2020”, estima.

Ao mesmo tempo, custos relacionados à Infraco deixarão de ser reportados pela Oi, que vai abrir mão do controle da unidade de fibra óptica, tornando-se acionista minoritária. A S&P diz que os dividendos da Infraco entrarão no caixa a partir de 2023.

Para 2021 e 2022, a empresa de análise de crédito prevê continuidade da queda das receitas da Oi, em função da competição acirrada no FTTH e manutenção dos ativos legados, como os acessos em cobre, que “enfrentam uma desaceleração cíclica com desconexões contínuas”.

Crédito

A nota do crédito subiu de “SD” para “CCC+” na escala global, e de “SD” para “brBB” na escala nacional Brasil. O crédito unsecured passou de “CCC-” para “CCC+”. Todas as notas, apesar de melhores, apontam ainda para alto risco de investimentos dos títulos do grupo.

Segundo a análise, a Oi não enfrenta no momento pressões de liquidez no curto prazo, e conseguirá repagar ou refinanciar suas debêntures que vencem em janeiro de 2022. Os analistas avaliam que a Oi vai concluir com sucesso o plano de recuperação judicial, a venda de ativos e o pré-pagamento de dívidas. O próximo grande volume de pagamentos deverá se dar apenas em 2025.

Mas o relatório da S&P faz ressalvas: “Os ratings incorporam nossa visão das difíceis condições econômicas e competitivas, o projeto desafiador de transformação operacional e a nossa expectativa de que a alavancagem permanecerá alta pelo menos nos próximos dois anos, com o índice de dívida bruta ajustada sobre EBITDA bem acima de 6x e o de fluxo de caixa operacional livre (FOCF – free operating cash flow) sobre dívida perto de 0%”, diz o material.

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Rafael Bucco

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