Setor eletroeletrônico terminará o ano com retração real de 11%

Cenário só traz dados desfavoráveis, com queda na exportações, nas importações, dos investimentos e da produção. Perspectivas para 2017 são sombrias: crescimento, se houver, não deve passar de 1%

shutterstock_LUCARELLI TEMISTOCLE_industriaAs notícias não são animadoras para o setor eletroeletrônico da indústria brasileira. Dados preliminares divulgados nesta quinta-feira, 07, pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) apontam que 2016 foi mais um ano perdido para as fabricantes. As vendas do setor devem somar R$ 131,2 bilhões este ano, uma queda de 8% ao final de dezembro, comparado a 2015. Contabilizada a inflação, significará uma perda retração real de 11%.

Segundo a associação, vários fatores explicam o desempenho. O principal é a recessão por que passa o Brasil, que há dois anos registra encolhimento do PIB. O aumento do desemprego reduziu o consumo. Os empregados diminuíram os gastos para lidar com o endividamento familiar. Ao mesmo tempo, as empresas também se endividaram e perderam capacidade de investimento. A situação piora mais com os juros altos, que inibem o apetite dos empresários pelo risco.

“O investimento do setor sempre foi equivalente a 3% do faturamento, e este ano foi de 1,8%. Esse resíduo é justamente em função da necessidade de manter a indústria atualizada e por multinacionais programarem lançamentos mundiais, que exigem um parque sempre renovado”, explica Humberto Barbato, presidente executivo da Abinee. Os investimentos devem fechar o ano com queda de 25%, passando de R$ 3,2 bilhões para R$ 2,4 bilhões.

Os números que mostram encolhimento do setor estão por todo lado. A produção industrial, índice que demonstra o volume produzido, caiu 10% em relação a 2015. As exportações devem cair 5%, somando US$ 5,5 bilhões. As importações vão recuar 20%, para US$ 25,3 bilhões.

Mesmo o déficit da balança comercial, de US$ 19,7 bilhões (23% menor) não pode ser comemorado. Conforme a associação, ele é resultado da estagnação do mercado, que fez o consumidor comprar menos importados. Só seria positivo se o déficit menor fosse resultado do aumento nas vendas ao exterior, o que não aconteceu.

Diante dos resultados, a entidade não vê muita luz no fim do túnel. “Esperávamos que, passado o impeachment, pudéssemos começar a fazer rapidamente as reformas fundamentais que o Brasil e a indústria necessita. Entretanto percebemos que nossas expectativas eram muito otimistas”, admite Barbato.

Com isso, a previsão é que em 2017 o setor eletroeletrônico vai crescer, se crescer, 1% em relação a 2016. A taxa prevista vem em linha com a visão de mercado de que o PIB crescerá também cerca de 1%. Exportações e importações devem permanecer estáveis, assim como o emprego. A melhor perspectiva reside sobre os investimentos: a indústria espera ampliar em apenas 2% o Capex no próximo ano, que deverá somar R$ 2,5 bilhões.

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Rafael Bucco

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