Setor de telecomunicações enfrenta “tempestade perfeita”, diz CEO da TIM

No MWC 2023, Pietro Labriola afirma que, sem operadoras capazes de gerar lucros, futuro da tecnologia ficará comprometido; executivo também fala em consolidação do setor e afrouxamento da regulação
CEO da TIM diz que conjuntura é "tempestade perfeita" para operadoras
Cenário macroeconômico é “tempestade perfeita” para operadoras de telecomunicações, diz CEO da TIM (crédito: Reprodução)

O setor de telecomunicações, especialmente na Europa, enfrenta uma “tempestade perfeita”, afirmou Pietro Labriola, CEO do Grupo TIM (antiga Telecom Italia), nesta terça-feira, 28, durante painel no Mobile World Congress (MWC), em Barcelona (Espanha).

Em sua avaliação, a alta dos custos de energia, o aumento das taxas de juros e a inflação elevada são condições que, somadas ao maior uso das redes de internet por preços mais baixos, pressionam os lucros das operadoras.

“O que estamos encarando hoje? Uma tempestade perfeita para o setor de telecomunicações”, frisou. “O preço dos serviços de telecom, nos últimos dez anos, caiu, em média, 15% na União Europeia. O consumo digital cresceu duas vezes. O ambiente macroeconômico desafiador impacta nos custos e temos um contexto europeu no qual o consumidor pede mais [banda] e gasta menos [dinheiro]”, complementou Labriola.

O CEO do Grupo TIM afirmou que as empresas de telecomunicações e os órgãos reguladores precisam mudar as respectivas formas de atuação. Segundo ele, as operadoras, para fornecer os seus serviços na atualidade, precisam investir em redes de FTTH, 5G standalone, nuvem e computação de borda, mas ainda sofrem regulações pesadas, o que não ocorre com outros segmentos. Nesse sentido, Labriola disse que agências reguladoras não podem mais atuar como “polícia e ladrão”.

O executivo também ressaltou que, sem companhias capazes de gerar lucros, o futuro da tecnologia, apresentado em eventos como o MWC 2023, não existirá.

“Sem a tecnologia mostrada, não temos futuro. Sem companhias capazes de gerar lucros, tudo o que foi mostrado por nossos colegas não estará no futuro”, sinalizou.

Além disso, Labriola destacou que, na busca por lucros e economias de escala, a indústria de telecomunicações precisa de consolidação na Europa. Ele citou que em países como Brasil, Estados Unidos e China, o segmento móvel é disputado por três empresas, enquanto, no continente europeu, 120 empresas competem por clientes.

“É preciso entender que, nesta situação, não é possível explorar economias de escala – e isso é um problema. Precisamos mudar a abordagem para fazer ou permitir a consolidação de mercado, é o único caminho para o nosso futuro”, apontou. “Na Itália, é impossível ter cinco redes móveis, porque não é sustentável. Se você somar o opex e o capex das cinco e juntar as receitas, você não cria um operador móvel lucrativo”, acrescentou.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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