Sem condições favoráveis do mercado de capitais, Datora desiste de IPO
A operadora de redes móveis para internet das coisas Datora avisou na noite de ontem, 31, que desistiu da oferta pública inicial de ações que pretendia realizar. Segundo o grupo, o cancelamento do pedido resulta de “alterações das condições atuais dos mercados de capitais brasileiro e internacional”.
Conforme os dados da Anatel, a operadora móvel virtual – que utiliza antenas e torres da TIM – possuía, em novembro de 2021, 1,3 milhão de chips ativos no país, o que faz dela a sexta maior operadora celular em quantidade de aparelhos conectados. O crescimento de conexões do grupo dobrou ao longo de 2021.
Praticamente toda a base é de IoT, com planos pós-pagos corporativos, baseados em acessos na tecnologia 2G. A principal área de atuação da empresa é São Paulo, onde tem 727 mil clientes. Também tem grande quantidade de clientes em Minas Gerais (200 mil), Rio de Janeiro (131 mil) e Rio Grande do Sul (53 mil).
A Datora apresentou o pedido de IPO à CVM em setembro de 2021. No prospecto preliminar então registrado, indicava lucro de R$ 21,2 milhões no primeiro trimestre de 2021 e de R$ 20,2 milhões no segundo trimestre. As receitas foram de R$ 132,3 milhões entre janeiro e março, e de R$ 150,4 milhões entre abril e junho.
O caso de desistência da Datora em prosseguir com o IPO em razão da falta de interesse de investidores institucionais, avessos ao risco diante do aumento dos juros em outros países, não foi o primeiro. Este ano, o grupo Vero também avisou que esteva deixando de lado os planos de abertura de capital até que haja reversão do interesse dos fundos. Ano passado, o grupo Conexão desistiu de estrear na B3 depois de não conseguir precificar os papéis conforme o planejado.
Três empresas do setor, no entanto, abriram o capital em 2021 com sucesso: Brisanet, Desktop e Unifique. Apesar de captarem o que previam na oferta inicial, no entanto, as ações das empresas são comercializadas com forte desvalorização em relação ao preço de estreia devido à baixa liquidez e saída de investidores em busca dos juros mais altos de títulos de governo no exterior, como já apontou o Tele.Síntese.