SeAC custa cerca de R$ 700 milhões à Sky por ano

CEO da Sky, Raphael Denadai, diz que setor é onerado pela Lei do SeAC, o que resulta em competição assimétrica com os apps de streaming. Operadoras de TV como um todo têm custos de pelo menos R$ 2,1 bilhões com a legislação, calcula.

A legislação atual de TV por assinatura onera o setor de TV paga em aproximadamente R$ 2,1 bilhões. Segundo o CEO Raphael Denadai, a Sky tem custos de R$ 700 milhões ao ano para atender à Lei do SeAC. Uma vez que a empresa concentra um quarto dos assinantes, é possível extrapolar o número para o valor total, observou.

Denadai participou nesta manhã do Pay TV Fórum, organizado pelo site Teletime. Ali, ressaltou que os custos decorrentes do SeAC vêm de obrigações como o carregamento de canais de conteúdo nacional ou a exigência de possuir uma central de atendimento com funcionamento 24 horas por dia, nos sete dias da semana. Também apontou para o fato de as operadoras recolherem tributos setoriais.

“O SeAC traz custos de R$ 700 milhões por ano para a Sky apenas. Um pedaço é custo tributário. Mas as plataformas de streaming são serviços de valor adicionado, com isso não seguem o SeAC. A Lei do SeAC exige conteúdo nacional, meta de qualidade. A empresa precisa manter operação de atendimento 24×7, e o streaming não precisa. A TV paga tradicional paga Funtel, Fust, Fistel e Condecine. Por conta disso temos os custos estimados. Esse custo é 4x maior pensando no mercado inteiro”, afirmou.

A seu ver, o governo e a Anatel estão cientes da assimetria existente entre as OTTs do streaming e as operadoras de TV paga. Denadai manifestou esperanças de que o GT do SeAC, constituído pelo Ministério das Comunicações, proponha uma revisão importante capaz de reduzir o ônus sobre as operadoras do setor.

O número de assinantes de TV, é bom lembrar, cai sem parar desde 2015. Naquele ano, havia mais de 19 milhões de usuários pagantes no segmento. Atualmente, são 13,8 milhões, conforme dados oficiais da Anatel. A Sky tinha 5,6 milhões de clientes, número que encolheu para 4 milhões hoje em dia.

Preços mais baixos

Para tentar reduzir a evasão de clientes que trocam a TV por assinatura por OTTs ou mesmo serviços piratas – estima-se que 33 milhões de brasileiros recorrem à pirataria – A Sky aposta na regionalização. Denadai explicou que a empresa está investindo em campanhas de marketing regionalizadas. Além disso, vem negociando com as programadoras contratos que permitam a oferta de pacotes com preços diferenciados conforme a região do Brasil. Embora exista algumas restrições regulatórias que engessem uma cobrança diferente de preços por região, o executivo falou que existem alternativas.

“Começamos a atuar de forma regionalizada. Preços, marketing e mídia de forma regional. Queremos assim nos aproximar de nossos assinantes. Queremos entregar todas as afiliadas do país. Estamos atuando firme nessa direção. Ainda existe limitações do ponto de vista regulatório, quanto do ponto de vista negocial [sobre preços regionais]. Mas algumas customizações a gente consegue fazer, e já estamos fazendo. Estamos trabalhando junto aos broadcasters, eles entendem essa necessidade. Estamos no início do processo, mas está avançando”, falou.

A empresa também aposta em uma nova geração de decodificadores de sinal que trazem Android TV e sistemas de reconhecimento de fala e alto falante próprio – ou seja, funcionam como caixa de som inteligente, capaz de controlar não apenas a programação da Sky, mas ser um hub de casa inteligente. O Sky Connect, como chama o produto, é uma tentativa da empresa de atualizar a interface junto ao usuário, concluiu o executivo.

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Rafael Bucco

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