Seaborn já planeja cabo submarino entre Brasil e África

Conexão será um dos ramais do Seabras-1, cabo submarino recém inaugurado e que liga diretamente São Paulo a Nova York.

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A operadora de cabos submarinos Seaborn Networks mal ativou o Seabras-1, que liga diretamente São Paulo a Nova York, e já planeja a adição de mais um ramal ao circuito. A próxima etapa do projeto prevê conectar a Cidade do Cabo, na África do Sul, a São Paulo.

Em entrevista a Tele.Síntese, o CEO da empresa, Larry Schwartz, afirmou que vai levar a proposta de criação do link entre os continentes a investidores e possíveis clientes da África do Sul ainda este ano. A estratégia é criar uma rota alternativa. Atualmente, o tráfego da África passa pelo Oriente Médio, Ásia ou Europa antes de chegar aos Estados Unidos.

Enquanto isso, a Seaborn foca na construção de outros ramais do Seabras-1 que já estava nos planos da companhia. O ARBR, que ligará São Paulo à praia de Las Toninas, na Argentina, deve abrir concorrência para escolha do instalador e dos fornecedores no próximo mês, para tornar o trecho operacional até o final de 2018.

O Seabras-1 também terá chegadas no Rio de Janeiro, Fortaleza, cidades do Caribe, da Flórida e do Canadá, lembra o executivo. Mas, segundo ele, o cabo manterá sua principal características: de ser uma rota direta entre São Paulo e Nova York.

“O cabo manterá o link direto entre as cidades. Os ramais não vão funcionar como paradas, como acontece com outros cabos submarinos”, avisa.

Clientes

O executivo gosta de destacar que o cabo é o único a ligar as duas cidades, sem qualquer desvio o interrupção. O motivo reside em sua carteira de clientes. Além de outras operadoras e empresas de tecnologias (como Sparkle, do grupo Telecom Italia, que contratou três pares de fibra, e a TATA Consultancy Services), o Seabras-1 já está em uso por empresas do mercado financeiro que negociam ações quase em tempo real.

Para atender a este mercado que o cabo foi construído de olho na baixa latência. A diferença de um segundo na compra ou na venda de um lote de ações pode representar ganho ou perda de milhões.

“Por isso nossa rede não apenas chega em Praia Grande, como segue pelo subterrâneo, que é muito mais seguro e à prova de intempéries que o uso de postes, até o a região de Alphaville [Barueri], praticamente ao lado do data center de B3 [novo nome da Bovespa]”, diz.

Segundo ele, a latência do cabo varia entre 105,16 ms e 106,62 ms, de acordo com a aplicação usada e o POP de entrada e saída do tráfego. “Geralmente os concorrentes não se sentem confortáveis para publicar a latência. Mas nós sabemos que temos números mais baixos”, afirma.

O novo cabo não sofreu nenhuma avaria nem passou por instabilidade em função da temporada de furacões que afetam o Caribe no momento. Schwartz diz que empresa decidiu não ter landing stations no Caribe e na Flórida justamente para evitar que o mal tempo pudesse afetar seu funcionamento.

Tecnologia

O Seabras-1 inaugura o uso de várias tecnologias em cabos submarinos. É o primeiro do mundo a usar a chamada SeaSpeed, solução proprietária, criada pela própria Seaborn, para acelerar a troca de dados entre clientes financeiros.

Também é a mais longa conexão iluminada pela Infinera, e a primeira com a tecnologia ICE4 da fabricante. Segundo a Infinera, a ICE4 é uma solução fotônica capaz multiplicar a eficiência espectral das fibras ópticas, mas ocupa um espaço pequeno, menor que um armário, na landing station.

Os testes mais bem-sucedidos das empresas, usando modulação 8QAM, atingiram velocidades de conexão de 4,5 bits por segundo por hertz, ao longo dos 10,6 mil Km de extensão do cabo. Segundo as empresa, isso é 50% mais eficiente que tecnologias usadas em outros cabos. Ao final das contas, o Seabras-1 consegue transmitir 18,2 terabits por segundo por par de fibra. O cabo tem capacidade total de 72 Tbps.

A Infinera também forneceu a solução de rede definida por software, pela qual o usuário é capaz de contratar mais banda conforme a demanda, em um modelo que ambas as empresas estão chamando de “pay as you grow”.

“Se uma operadora ou outra empresa precisa de mais banda, o sistema é capaz de liberar em 30 minutos. Até hoje, o padrão da indústria é uma espera de cerca de 24 horas”, diz Andres Madero, diretor para a América Latina da Infinera.

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Rafael Bucco

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