Regula Melhor: Comitê não vai criar obrigações às agências, diz secretária

Colegiado será responsável pelo acompanhamento da Estratégia Nacional de Melhoria Regulatória, focado em estimular boas práticas.
Comitê Gestor não deve criar novas obrigações às agências, explica secretária
MDIC lança Estratégia Nacional de Melhoria Regulatória | Foto: Júlio César Silva/MDIC

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) lançou a Estratégia Nacional de Melhoria Regulatória – Regula Melhor – na solenidade de abertura do 2º Encontro de Reguladores, em Brasília, nesta quarta-feira, 21. Na ocasião, a secretária de Competitividade e Política Regulatória do MDIC, Andrea Macera, detalhou a medida.

A norma que institui a Estratégia Regula Melhor (Decreto 12.150/2024) foi publicada nesta manhã. Trata-se de um conjunto de diretrizes e objetivos a serem atingidos no prazo de dez anos, com o objetivo de “aprimorar a qualidade regulatória, observada a necessidade de reduzir assimetrias na adoção de boas práticas entre agentes reguladores”, conforme o texto. 

A política é implementada como parte do Programa de Fortalecimento da Capacidade Institucional para Gestão em Regulação (PRO-REG), criado em 2007, que já previa um Comitê Gestor. No ano passado, o governo atualizou o PRO-REG no Decreto 11.738/2023, colocando o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) à frente do colegiado e definindo a nova composição com participação de representantes da Casa Civil, da Advocacia Geral da União (AGU), da Controladoria Geral da União (CGU), e dos ministérios da Gestão e Inovação (MGI), do Planejamento e Orçamento, e da Fazenda. 

O Decreto publicado nesta quarta prevê que o Comitê Gestor do PRO-REG disponha sobre a “coordenação, o monitoramento e a avaliação das atividades necessárias à implementação da Estratégia Regula Melhor”, além das ações relacionadas a ela. À frente da pasta do MDIC que preside o comitê, Andrea Macera afirma que essa previsão na nova norma não deve ser confundida com o monitoramento das agências reguladoras. A competência leva em conta “ações operacionais” da política, considerando a dimensão do conjunto de órgãos reguladores no país, para além dos entes federais. 

Não estamos criando obrigações para as agências. O que estamos fazendo é difundir instrumentos de boas práticas regulatórias, assegurando que a gente diminua o gap regulatório entre as agências [federais] e os demais reguladores”, disse Macera ao Tele.Síntese.

Entre as boas práticas regulatórias em questão, a secretária cita “a realização de análise de impacto regulatório e resultado regulatório, a criação de mecanismos efetivos de participação social na construção das normas, e a transparência do que vai ser regulado, como as agendas regulatórias – que as agências já publicam”.

Compartilhamento de infraestrutura

Casos de impasse na formulação de normas conjuntas, como a resolução para o compartilhamento de infraestrutura – pendente de consenso entre a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – é um exemplo de conflito que fica de fora da alçada do Comitê Gestor do PRO-REG, embora o colegiado conte com órgãos em sua composição que possuem alternativas que podem ser requisitadas, a exemplo da AGU, que faz mediações. 

“Não é papel do comitê. Mas a Advocacia Geral da União está dentro do comitê gestor do PRO-REG. Uma coisa que os regulados reclamam muito é, por exemplo, do conflito de normas. Então, a AGU tem a Câmara de Promoção de Segurança Jurídica no Ambiente de Negócios para tentar resolver essas questões. [Se] existe um problema regulatório que precisa ser definido, não é o papel do PRO-REG entrar no conteúdo das regulações“, exemplificou Macera, questionada pela reportagem.

Accountability

A Estratégia Regula Melhor prevê entre  accountability entre as diretrizes, que envolve a “responsabilização, integridade, obrigação de prestação de contas e necessidade de justificar as ações que foram ou deixaram de ser praticadas”, medidas que já estão entre as metas de órgãos reguladores, como a Anatel. 

Neste sentido, Macera reforça que a diretriz de accountability não significa nova obrigação. “O comitê não obriga nenhuma agência a fazer nada. São instruções que vão sair do comitê, mas sempre olhando para os instrumentos de boas práticas regulatórias”, explicou. 

Durante a solenidade nesta manhã, foi anunciado que a Controladoria-Geral da União (CGU) prepara um estudo que vai subsidiar recomendações de accountability aos órgãos públicos. A orientação deve ser lançada pelo órgão, independente do comitê.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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