“Queremos o país que quer trabalhar conosco”, afirma Dankberg, CEO da Viasat

A empresa, que lançou seus próprios satélites, montou um modelo, que diz ser sustentável, para fornecer banda larga também para zonas rurais e populações de baixa renda
CEO Viasat
Dankberg, CEO Viasat

Carslbad, Califórnia – A norte-americana Viasat, escolhida pela Telebras para explorar o satélite brasileiro, voltou a acelerar seus motores e a mirar o potencial do mercado brasileiro, após a suspensão da liminar, que paralisava o acordo há alguns meses, pelo STF. Segundo o CEO da empresa, Mark Dankberg, a empresa olha para o mercado brasileiro há mais de dez anos – desde que os Brics abriram os olhos do mundo. No entanto, a concretização do interesse só veio em 2017, quando a empresa começou a desenvolver o projeto de WiFi comunitário no México, e esse modelo interessou ao governo brasileiro.

“Há cerca de um ano, começamos a desenvolver no México a prova de modelo. No Brasil, havia o interesse do governo de desenvolver uma internet de mais baixo custo. Assim, com a nova direção e política da Telebras, entendemos que havia uma grande oportunidade para os dois lados”, afirmou ele a jornalistas convidados pela empresa para conhecer o escritório central. “Sem a Telebras, seria mais difícil ir para o Brasil. Queremos o país que quer trabalhar conosco”, completou o executivo, assinalando que o Brasil é um dos que têm uma política bem definida – e mais aberta -para o segmento satelital.

Fundador da empresa há 30 anos, Dankberg está convencido de que levar conexão de internet onde não existe qualquer acesso é um modelo lucrativo, mesmo alcançando áreas rurais e população de baixa renda, que teoricamente precisariam de subsídios governamentais para serem atendidas. Isso porque, afirma, começou a Viasat como desenvolvedora de tecnologia para o governo e para as Forças Armadas dos Estados Unidos, que, entre outros, compram seus sistemas de criptografia e acabou decidindo ser também um prestador de serviço (por volta de 2007, 2008) de banda larga via satélite. Entendeu que poderia fazer melhor com a tecnologia desenvolvida pela própria empresa. Primeiro, entrou no mercado varejista através de aquisições, mas, em 2010,  lançou o primeiro satélite de banda larga, o Viasat 1, ainda em operação.

No primeiro trimestre deste ano, entrou em operação comercial o Viasat 2, o primeiro, segundo a empresa, que assegura 100 Mbps de velocidade de download da internet. Fechou o ano fiscal encerrado em março deste ano com faturamento de US$ 1,6 bilhão, contra US$ 1,5 bilhão de 2017. Mas, se em 2017 apresentou lucro de US$ 23,7 milhões, este ano apurou prejuízo de US$ 67 milhões, atribuídos aos fortes investimentos em P&D que está realizando.

Na visão do executivo, o segredo em querer atuar em áreas não atendidas – e por isso a Viasat tem um bem-sucedido mercado de oferta de internet para os aviões- em países como Brasil, México e, no futuro, do Caribe e à Europa Oriental é que a sua empresa diferencia  o acesso à banda larga físico e o acesso útil, necessário. ” As operadoras de celular geram muito pouco caixa com tecnologias 2G ou 3G quando chega a 4G. Nós estamos convencidos de que precisamos depreciar os ativos em ciclos de vida cada vez menores,” afirmou.

Com essa filosofia, a empresa fez a parceria com a Telebras e já planeja o lançamento de mais um satélite geoestacionário, só que, desta vez, resolveu desenvolver seu próprio pay load (a eletrônica do equipamento).

Contrato Comercial 

O contrato firmado com a Telebras continua com as cláusulas sob sigilo, situação que deve ser mantida, no entendimento de Jeffrey Eddington, conselheiro associado para as operações no Brasil. “A Telebras trabalha em bases comerciais e tem direito a confidencialidade em seu contrato, como qualquer outra empresa.Tem suas cláusulas de confiabilidade e esperamos que todos respeitem essas regras”, afirmou.

“Estamos bastante confortáveis porque temos as bases legais para os contratos que firmamos, e boa base econômica. Ligaremos os desconectados, faremos dinheiro. A Telebras fará dinheiro e o contribuinte brasileiro também ficará satisfeito”, completou Colin Ward, conselheiro associado para litígios da Viasat.

A empresa prepara-se, agora, para atender aos questionamentos do TCU – Tribunal de Contas da União. E já contratou dois dos maiores escritórios de advocacia do país.

A jornalista viajou a convite da Viasat

 

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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