Puxada por celulares, indústria de telecom cresceu 16% no 2º tri

Segundo a Abinee, falta de semicondutores no mercado persiste e deve se prolongar ao longo de 2023, o que tende a afetar a indústria de telecom. Ainda assim, previsão é de crescimento para este ano.

A indústria de telecom cresceu 16% em receita no segundo trimestre deste ano, se comparado ao desempenho do mesmo período de 2021. O maior crescimento se deu entre os fabricantes de celulares, que venderam 20% a mais. As fabricantes de equipamentos de infraestrutura cresceram 7%, ante expansão de 2% no ano anterior.

Os dados foram compilados pela Abinee, associação da indústria eletroeletrônica. A entidade aponta que as fábricas de componentes cresceram 8% no segundo trimestre, ante 3% um ano antes.

Já os produtores de equipamentos de informática faturaram 16% mais, ante 21% do segundo trimestre de 2021.

No caso da venda de celulares, o aumento das vendas pode ter relação com aumento do preço do produto final oferecido ao consumidor.

A Abinee diz que prossegue na indústria a insegurança produtiva gerada pela falta de componentes no mercado mundial e de matérias primas.

No caso de matérias-primas como papelão, plásticos, aço, cobre, houve melhora no desabastecimento. Conforme sondagens realizadas pela Abinee, o número de empresas relatando este problema atingiu apenas 9% na pesquisa de julho, percentual bem inferior aos mais de 50% verificados no início do ano passado.

Diferente do problema persistente da falta de componentes, que gerou atrasos na produção. “O número de empresas que continuam com dificuldades na aquisição destes itens permanece muito elevado, atingindo mais de 60% das entrevistadas nas pesquisas feitas pela Abinee”, diz relatório da entidade.

Nos primeiros seis meses do ano, permaneceram também gargalos logísticos como o aumento de preços e atraso na reserva do frete marítimo, dificuldades de reserva de contêineres, atrasos no recebimento de cargas e elevação nos custos de armazenamento de cargas em galpão.

“As empresas já vinham enfrentando esses entraves desde o início da pandemia, que ainda foram
agravados também pelos conflitos entre a Rússia e a Ucrânia e pela operação padrão dos auditores fiscais da Receita Federal. Além disso, as empresas do setor também tiveram mais dificuldades decorrentes das medidas de restrições (“lockdowns”) aplicadas em algumas regiões da China para combater a pandemia de Covid-19”, acrescent a Abinee.

Cenário positivo, apesar dos problemas

Os analistas econômicos da Abinee dizem que, apesar dos problemas apontados, a indústria está conseguindo crescer e o resultado deste ano deve ser positivo. Dizem que a escassez de semicondutores não se encerra em 2022, e continuará ao longo de 2023.

“A maior parte das entrevistadas (55%) projetam normalidade no abastecimento de componentes semicondutores para 2023, sendo que para 29% ainda no 1º semestre do próximo ano e para 26% apenas no 2º semestre de 2023. Ainda referente a essa questão, 13% acreditam que a normalidade dessa situação ocorra somente a partir de 2024 e 22% das pesquisadas estão sem previsão”, diz o relatório.

A perspectiva é de crescimento de 10% no faturamento do setor de informática, e de expansão de 14% do setor de telecomunicações (17% em celulares e 6% em infraestrutura), como se vê na tabela abaixo.

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Rafael Bucco

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