Projetos de IoT avançam em hospitais

Há promessas de grandes transformações, mas há ainda um caminho a percorrer, dizem especialistas

Crédito: TV.SínteseProjetos pilotos de Internet das Coisas (IoT) começam a funcionar em hospitais com promessas de grandes transformações, mas há ainda um longo caminho a percorrer. É o caso da Beneficência Portuguesa, que começa a monitorar ambientes e equipamentos, ainda sem envolver pacientes, como conta o gerente executivo de Tecnologia Médica e Inovação do hospital, Felipe Reis, que participou, nesta quinta-feira, 25, do congresso “IoT e as redes privativas”, promovido pelo Tele.Síntese.

“O segundo passo é de integração de equipamentos médicos usados no dia a dia que transmitam as informações  diretamente para prontuários eletrônicos ou diretamente para o médico”, disse Rios. Segundo ele, os próximos passos é o telessaúde, para monitorar o paciente que recebeu alta em casa ou aproveitar os dispositivos que as pessoas têm, como os relógios inteligentes, para captar informações que poderão ser usadas  na tomada de decisões de saúde. “Esse é um ponto que ainda estamos discutindo como fazer”, afirmou.

A principal dificuldade apontada pelo médico é de que ainda não foi formado conhecimento suficiente para aproveitar os dados para a saúde de forma linear. “Mas tenho certeza de que nós vamos conseguir”, aposta.

O diretor de TI da Associação Paulista de Medicina (APM), Antonio Carlos Endrigo, prevê mudanças extraordinárias na área de saúde com o uso de tecnologias. “Em poucos anos a gente não vai ver médicos fazendo o que fazem agora ou hospitais no mesmo modelo aos atuais. A medicina diagnóstica estará muito à frente e essas mudanças acontecerão com uma velocidade enorme, e isso é muito gratificante”, completa.

Endrigo afirma que os principais canais serão o de telemedicina, que já foi regulamentado, e o de telepropedêutica, que é a substituição do exame clínico por equipamentos. “Está saindo uma variedade de aparelhos que podem suprir as informações do exame presencial e isso será bom para todos, especialmente para o paciente”, disse.

No entendimento de Endrigo, os hospitais serão os protagonistas da nova fase da medicina, já que os pacientes não vão querer a manipulação dos seus dados médicos pelos planos de saúde. E os hospitais precisam se preparar para isso, mudando a forma de atuação, com equipes preparadas para organizar as informações.

Pesquisas

Para o executivo líder da área de saúde da Capgemini, José Luiz Bruzadin, o sistema de saúde hoje não está dando conta do aumento populacional e da longevidade maior das pessoas. “O sistema de saúde é muito mais complexo do que outros setores porque, além da parte regulatória, tem a vida envolvida e precisamos ter a certeza dos benefícios que virão com a tecnologia”, disse.

Bruzadin citou duas pesquisas feitas pela Capgemini em hospitais de vários países sobre as tendências de investimentos e cinco são destaques, como o engajamento do cliente para prevenção e diagnóstico até o tratamento; estratégia de tratamento em tempo integral e cuidados com o social que envolvem o paciente. Outra tendência é saúde em tempo real e isso depende do IoT ou Internet das Coisas Médicas (IOMT).

Proteção de privacidade é outro ponto destacado na pesquisa, além da interoperabilidade entre todos os ambientes que tratam do paciente. “Eu acrescento o avanço da inteligência artificial para separar o joio do trigo e facilitar a abordagem do médico junto a esse paciente”, disse Bruzadin.

A outra pesquisa foi feita com a indústria farmacêutica sobre saúde conectada. “A maioria entende que  terapias digitais vão ser uma das mais importantes fontes de elevação de renda, mas muito pouco está sendo feito de forma relevante. Apenas 16% da indústria tem estratégia montada para isso”, alertou.

Segurança

O diretor de Transformação Digital da Cisco, Rodrigo Uchoa, por sua vez, disse que a empresa está desenvolvendo dois projetos na área de saúde com o Hospital das Clínicas de São Paulo e com o Incor. “O primeiro projeto, do Incor, é de telemonitoramento do ato cirúrgico e o segundo é de telemonitoramento e acompanhamento de transplante de medulas, que vai muito na linha da jornada do paciente antes, durante e depois do procedimento”, disse.

“Estamos falando de desospitalização, redução do número de infraestrutura para atender esse tipo de paciente, ou seja, algo que tem um impacto enorme”, disse. Uchoa ressaltou que esses são projetos pilotos para prova de conceito, sem oferta comercial.

O executivo da Cisco afirma que o interesse da empresa é saber o papel da conectividade e da segurança cibernética nesse tipo de atendimento. “No monitoramento do ato cirúrgico, estamos usando câmeras de alta definição, sistemas de videoconferência, IoT, coleta de informação, muito sinal de vídeo de alta capacidade, óculos inteligentes. Na verdade, é um grande desafio de transmissão em tempo real chegando ao centro de monitoramento”, disse.

Uchoa acredita se não houver uma infraestrutura correta, não se conseguirá atender ao propósito do projeto de monitoramento do centro cirúrgico. “Quando se trata de vida de pessoas não é simples, é um ambiente muito regulado e não poderia ser diferente”, observou.

LGPD

Todos os projetos estão engajados à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) que, nesse caso, funciona como uma garantia de que a informação será tratada dentro dos princípios da lei e que trará benefícios para o paciente, disse Bruzadin. “Esse é o maior desafio que temos hoje na digitalização”, disse Uchoa.

Para o executivo da Cisco, por se tratar de um ambiente complexo, não existe 100% de segurança contra ataques cibernéticos. Nesse caso, ele acredita que a penalidade deve levar em conta o máximo que a empresa está fazendo para evitar ataques.

O congresso “IoT e as redes privativas” terá continuidade nesta sexta-feira, 26.

 

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Lúcia Berbert

Lúcia Berbert, com mais de 30 anos de experiência no jornalismo, é repórter do TeleSíntese. Ama cachorros.

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