Pressionada, dona da TIM vai negociar criação de rede neutra na Itália
O conselho de administração da Telecom Italia avisou hoje, 4, que mandou o CEO do grupo conversar com o governo italiano a respeito da criação de uma rede neutra de âmbito nacional. Segundo a nota, negociações para criar essa rede começarão nas próximas horas.
“O conselho de administração é muito favorável à ideia de aceleração do projeto Rede Única e vai participar com entusiasmo dos trabalhos que o governo iniciará nas próximas horas, e, consequentemente, indicamos nosso CEO para discutir os aspectos relevantes com as autoridades”, diz o grupo, em comunicado.
No final de julho, a agência Reuters noticiou o interesse do governo italiano em fundir as redes de Telecom Italia e Openreach para criar uma rede neutra de acesso que atenda todo o país. O debate, em verdade, é antigo, e sempre trava quanto ao controle dessa empresa. A Telecom Italia defende que, por entregar a maior parte dos ativos, precisa comandar a iniciativa. Openreach e governo, no entanto, querem encontrar meios para que o controle não seja da Telecom Italia.
Venda de ativos
Enquanto a política segue seu curso, a Telecom Italia, que é dona da TIM no Brasil, avaliou como positiva a proposta do fundo norte-americano KKR para aquisição de fatia de sua rede secundária de fibra óptica, a FlashFiber. O fundo propôs pagar € 1,8 bilhão por 37,5%.
A empresa a ser criada se chamará FiberCop e vai operar também como rede neutra atacadista. A Fastweb, dona de 20% na FlashFiber, aceitou trocar sua participação por fatia de 4,5% na Fibercop. Uma nova reunião do conselho será feita em 31 de agosto, para decidir se a criação da FiberCop será levada a cabo.
A Telecom Italia também avisou que assinou a venda de fatia minoritária da Inwit, seu braço de infraestrutura móvel, para o fundo Ardian. Vai receber € 1,6 bilhão até o final deste trimestre, diz.
Resultados do 2º trimestre
Os avisos foram todos divulgados juntamente com os resultados do trimestre. No período, o lucro líquido da Telecom Italia caiu 69,4% e atingiu € 118 milhões. A receitas da companhia caíram menos, 16,1%, ficando em € 3,79 bilhões. Já o EBITDA despencou 32%, para € 1,66 bilhão. O endividamento do grupo no período, no entanto, caiu. Nos últimos seis meses, encolheu € 1,69 bilhão, para € 25,97 bilhões.
O desempenho reflete a crise econômica derivada da pandemia de Covid-19, que levou ao fechamento temporário de lojas e retração nas vendas de aparelhos e serviços. Os números já reúnem os dados da TIM Brasil, cuja conversão de receitas para euros leva a uma perda cambial de € 230 milhões, ressalta a holding.