Presidente da ANPD espera que emendas rejeitadas retornem em PL

Medida provisória que cria a nova autarquia foi aprovada sem a avaliação de propostas defendidas por entidades do setor. Apesar disso, debate segue aberto, segundo diretor.

Diretor da ANPD espera analisar sugestões de emendas em PL

A Medida Provisória que visa dar maior autonomia à Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) foi aprovada pelo Senado Federal nesta terça-feira, 20, com rejeição das 29 emendas que sugeriam aprimoramentos no texto. De acordo com o diretor-presidente da nova autarquia, Waldemar Gonçalves, a ideia é analisar as propostas em projeto de lei (PL) que altera a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e já está em andamento no Congresso.

“Nós temos um PL de fortalecimento [da ANPD] e nós vemos que este é o momento adequado para se colocar novos assuntos, como as emendas. Era muito importante a aprovação do texto original. Então, fica para o PL”, disse Gonçalves ao Tele.Síntese, após apresentação no Futurecom 2022.

A aprovação sem emendas faz parte de estratégia da base governista para acelerar a votação das Medidas Provisórias que trancam a pauta de votações no Congresso. A norma que altera a ANPD perderia a validade na próxima segunda-feira, 24. Para Gonçalves, a aprovação sem as propostas de mudança no texto original é compreensível.

“Nós vimos que qualquer consideração de emenda iria ter a possibilidade de provocar uma discussão e colocar em risco a aprovação da emenda”, disse o diretor da ANPD.

Alocação de servidores

Entre as emendas apresentadas à MP da ANPD, a que mais se repetiu e tinha apoio de diferentes partidos, é a inclusão de “analistas em Tecnologia da Informação” entre os servidores a serem alocados. O texto original prevê apenas ingressantes da carreira de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental.

A inclusão de especialistas em TI também segue entendimento defendido em auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em 2019, que recomendou a participação de pessoas especializadas nos órgãos federais que tratam da proteção de dados.

Questionado sobre como a autarquia pode garantir a especialidade do quadro pessoal, Gonçalves citou as regras já previstas para o Conselho Diretor, que conta com a participação do Congresso.

“A própria nomeação dos diretores passa por uma sabatina, passa por uma aprovação na comissão e depois vai ao Plenário. Então é algo que o próprio Congresso tem esse encargo, justamente para colocar as melhores pessoas nas posições adequadas.

Presidência quer auditores

Ainda de acordo com Gonçalves, a criação de uma auditoria para a ANPD é uma das prioridades a avançar no âmbito do projeto de lei.

“Toda autarquia tem uma auditoria, mas nós não temos no nosso quadro uma auditora. Então é um dos exemplos de ações que devem ser consideradas. Isso provoca um aumento de despesas, então o momento é [discutir em] 2023 para não ter uma inconstitucionalidade”, disse o diretor.

Outros pontos a serem considerados na proposta de lei são as experiências de outros países. “A LGPD é uma lei viva. Nós temos observado como é, por exemplo, no México, e em outros países que já tem uma lei mais antiga para ver como nós conseguimos modernizar”, disse.

Os temas que estão no radar da ANPD é inteligência artificial entre outras problemáticas decorrente dos novos modelos de negócio em tecnologia. “A atualização da LGPD é algo que eu acho que não vai morrer nunca. É uma lei viva. É uma lei viva e a gente tem que proteger o cidadão”, concluiu.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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