Posição do Brasil no WiFi 6E é de vanguarda, dizem especialistas
O Diretor de Relações Governamentais da Qualcomm, Francisco Soares, disse, nesta terça-feira, 27, que o WiFi 6E não á apenas um complemento do 5G, mas uma revolução em termos de tecnologia nova e o Brasil pode sair na frente. “Em muitos casos de uso, com a nova faixa não licenciada será possível fazer muito mais e melhor do que é feito hoje”, afirmou, ao participar do Workshop promovido pela Anatel sobre WiFi 6.
Entre os casos de usos, Soares citou os assistentes virtuais, as câmeras de vigilância com inteligência audiovisual, aplicações automotivas e na saúde, dispositivos de IoT, que terão muito mais capacidade e baixa latência. “A Qualcomm não vê a rede WiFi 6E como competidora da rede 5G, mas como complementares, apesar de admitir que em alguns casos de aplicações menores e de nicho, elas podem competir”, afirmou.
No setor público, Soares citou a possibilidade de conectar alunos e não apenas escolas. Nas empresas e nas casas, a quantidade de dispositivos que podem ser conectados de uma vez traz uma experiência ao usuário muito maior. “A expectativa da Qualcomm é de que possa haver 1.500 usuários conectados ao mesmo tempo”, disse.
O executivo lembrou da parceria com a Intelbras e que já está pronta uma CPE nacional do WiFi 6 e, em breve, do WiFi 6E, já homologada pela Anatel. Para ele, o Brasil tem possibilidade de desenvolver novos produtos nessa tecnologia, como saiu na frente na alocação do espectro, com 1.200 MHz.
Tráfego
O diretor de Políticas Públicas da Cisco do Brasil, Giuseppe Marrara, afirmaou, por sua vez, que o WiFi 6E vai carregar o tráfego de dados daqui para frente. Por essa razão, a Cisco já está fabricando, em Sorocaba, equipamentos para a tecnologia e já conta com muitas encomendas. Conforme o executivo, a empresa ainda pretende trazer outros dois modelos ao país. Mas Marrara reconhece que os produtos são sofisticados, a preços altos. “A disponibilidade de dispositivos mais baratos ainda vai demorar”, afirma.
Para Marrara, a decisão da Anatel de alocar toda a faixa de 6 GHz ao WiFi 6E é visionária, transformacional, pioneira, de muita clareza. “Não é uma contraposição ao 5G, mas são duas ferramentas fundamentais para o mesmo problema, de dar conectividade de qualidade, com menor preço possível para pessoas, no local onde estejam”, assinalou.
“Não há que se falar no tráfego de dados do 5G sem o WiFi 6E”, disse o diretor da Cisco. “Com 5G é esperado, necessário, que mais de dois terços do tráfego seja offload, seja WiFi, que é muito mais barato”, completou
Transição
Já a presidente da Dynamic Spectrum Alliance (DAS), Martha Suarez, disse que o objetivo da instituição é o de melhorar a conectividade nos países e que o espectro não seja uma barreira. O acesso ao WiFi, uma rede aberta, é uma complementariedade às redes 5G, mas também com as redes de satélites e de fibra.
“O Brasil já tem os casos de uso de baixa potência, indoor, e agora é a transição para os casos outdoor”, disse. Segundo Martha, essa evolução vai beneficiar os provedores de pequeno porte. Mas para isso, é preciso de acesso a um sistema AFC, que vai organizar a alocação do espectro para não inviabilizar os outros usuários da faixa.
Martha afirma que poucos países já chegaram a essa evolução, como Estados Unidos e Canadá, que já têm regulação. E o Brasil, assim como a Arábia Saudita, caminham para isso. “ O Brasil está fazendo verdadeiramente uma tecnologia de ponta”, completou.