Pix tem puxado as concessões de cheque especial, indica Abecs

Entidade aponta que modalidade de crédito vem sendo mais usada desde o lançamento da ferramenta de pagamento instantâneo; inadimplência no cheque especial é maior do que em cartões
Uso do cheque especial cresce com o Pix, indica Abecs
Para a Abecs, há uma correlação entre o Pix e o aumento do uso do cheque especial (crédito: Freepik)

O aumento do uso do cheque especial nos últimos anos tem correlação com o lançamento do Pix, apontou o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Giancarlo Greco, nesta quarta-feira, 15.

Em coletiva de imprensa na qual apresentou o balanço das transações com cartões no primeiro trimestre deste ano, a associação indicou, com base em dados do Banco Central (BC), que as concessões de cheque especial subiram desde o lançamento do meio de pagamento instantâneo, em novembro de 2020.

Os dados mostram que o uso do cheque especial cresceu 12,6% em 2021, 23,2% em 2022 e 7,4% no ano passado. Em 2020, o uso da modalidade de crédito havia caído 19%. Em 2019, a alta foi de 4,5%, portanto, menos acentuada do que nos anos em que o Pix já estava disponível.

“A nossa preocupação é com a taxa de inadimplência. De onde sai o recurso do Pix? Da conta corrente”, disse Greco. “Se você for olhar o cartão de crédito e uma conta com limite, você tem a mesma coisa: é a possibilidade de fazer uma transação com um recurso que você não tem”, acrescentou.

A taxa de inadimplência no cheque especial encerrou o primeiro trimestre em 12%, enquanto a do cartão de crédito ficou em 7,2%. O presidente da Abecs ainda ressaltou que o cartão de crédito não é o maior responsável pelas dívidas do consumidor, com o rotativo representando apenas 2,3% do endividamento.

“O Pix veio para ajudar nas transações, mas ele também traz esse comportamento de requerer um volume maior de concessão de cheque especial – e vemos um crescimento da inadimplência no cheque especial também”, pontuou.

Click to pay

Durante a coletiva, o presidente da Abecs reforçou que a função “click to pay”, que permite fazer compras no comércio eletrônico sem digitar dados do cartão, com apenas poucos cliques, deve incluir a modalidade débito ainda no primeiro semestre deste ano.

Segundo Greco, a ferramenta, mesmo na modalidade crédito, ainda está em fase de testes. A expansão para incluir mais bandeiras de cartão e lojas digitais deve ser feita aos poucos.

“Vamos ver o mesmo impacto que vemos no NFC [tecnologia de aproximação] nas transações remotas”, assegurou.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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