Piratas digitais faturam o equivalente a R$ 3,4 bi por ano na América Latina

Pesquisa aponta que Google e serviços da empresa são os mais usados para disseminação sites, aplicações e conteúdos pirateados. Empresa diz que já retirou 3 bilhões de páginas com conteúdo ilegal de seus resultados desde que foi criada.

A pirataria digital de conteúdo audiovisual é responsável por perdas anuais de R$ 3,72 bilhões para a indústria na América Latina. Ao mesmo tempo, sites especializados na distribuição ilegal de conteúdo faturam, todo ano, R$ 3,43 bilhões. Os dados são da Asociación Interamericana de Empresas de Telecomunicaciones (Asiets), estimados pelo Centro de Estudios de Telecomunicaciones de América Latina.

A entidade revelou no último dia 10 um extensivo estudo sobre o papel da internet na facilitação do acesso das pessoas a conteúdos pirateados. O relatório, que pode ser lido aqui, em espanhol, mostra como os buscadores Google e Bing facilitam o acesso a conteúdos ilegais exibindo link para sites piratas logo nos primeiros resultados de busca.

Os pesquisadores fizeram buscas por diferentes palavras-chave relacionadas a conteúdos audiovisuais. E identificaram que, em média, três dos 10 primeiros links exibidos pelas ferramentas de busca eram de sites piratas. O estudo observa ainda que os piratas apareceram 492% mais nas primeiras páginas de resultados do que os serviços de streaming que operam de forma legal.

As redes sociais, como Youtube, Facebook e Twitter também são citadas como vetores importantes para propagação de links. Nelas, em média, seis dos 10 primeiros resultados de buscas são para conteúdos relacionados à pirataria. Quem procurar por IPTV nessas redes sociais vai obter 99% de resultados ilegais nas primeiras cinco posições, diz o relatório.

A loja de apps do Google também vai para a berlinda. Conforme o levantamento, quem busca pelo termo “filmes”, com certeza receberá em resposta a indicação de pelo menos um app irregular nos primeiros 10 resultados.

O levantamento mostra que não apenas os piratas causam danos às produtoras, como ainda faturam muito com a audiência que obtêm. Apenas em 2019, os sites piratas acompanhados pelo estudo registraram 15,6 bilhões de visualizações. Essa audiência foi remuneradas por publicidade programática, gerando uma parte da receita de R$ 3,43 bilhões.

Google afirma combater a pirataria em suas páginas

O Google, apontado pelo estudo como principal ferramenta de propagação de links piratas, afirmou ao Tele.Síntese que tem iniciativas para reduzir o problema. Conforme a empresa, a ferramenta de buscas permite que os donos de direitos autorais apontem violações. A empresa só toma atitude quando há um grande número, não especificado, de notificações.

“Em média, 500 sites são rebaixados toda semana. Além disso, mais de três bilhões de URLs que violaram direitos autorais foram completamente removidos da Busca”, afirma em nota.

No Youtube, a empresa criou a ferramenta Content ID, capaz de comparar conteúdos enviados pelos usuários com um banco de dados de direitos autorais. “Se encontramos alguma correspondência, os detentores de direitos podem monitorar, monetizar ou remover cópias do trabalho deles”, acrescenta.

Embora a Asiet aponte a presença de vários aplicativos na Google Play para consumo de conteúdo pirata, o Google diz que suas políticas proíbem tal prática. Como nas buscas, cabe aqui, afirma a empresa, aos donos do conteúdo denunciarem violações.

A pesquisa apontou que sites piratas são tão bem ou melhor ranqueados nas buscas do Google do que sites legítimos de streaming. O Google diz que está “sempre trabalhando” para corrigir isso e priorizar os sites legítimos nos resultados. “É impossível prever todas as consultas de pesquisa que serão feitas. Na verdade, 15% das pesquisas que processamos a cada dia são totalmente inéditas”, diz.

Monetização dos piratas

O Google afirma ainda que tem políticas rígidas para impedir que páginas com conteúdos ilegais gerem receita por meio de sua ferramenta de anúncios programáticos.

“Somente em 2019, encerramos mais de 1,2 milhão de contas e retiramos anúncios de mais de 21 milhões de páginas que fazem parte da nossa rede de editores por violação de políticas. Além disso, bloqueamos e removemos 2,7 bilhões de anúncios inadequados, ou seja, mais de 5 mil anúncios inadequados por minuto”, alega.

Por fim, recomenda participação ativa dos usuários e donos dos direitos para realizar denúncias através dos seguintes canais:

Violações de direitos autorais na Pesquisa
Violações de conteúdo no Google Play
Violações de direito autoral no YouTube

O relatório completo, em espanhol, da Cet.la pode ser lido aqui.

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Rafael Bucco

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