Pirataria tradicional sobrevive na era da digitalização
Embora o uso de decodificadores ligados à internet esteja crescendo, a pirataria tradicional de sinal de TV paga ainda persiste e deve demorar a desaparecer no Brasil.
Segundo a gerente antipirataria da Sky, Ana Sousa, o método de desbloqueio de canais que utiliza duas antenas, uma para captar o sinal “free-to-air” (FTA) e outra para obter as chaves de encriptação dos satélites, segue com ampla demanda em grandes centros e no interior do país. Essa modalidade é requerida em áreas onde a banda larga por fibra óptica ainda não chegou.
“A penetração da internet no Brasil hoje é na casa dos 70%, e nem para todos é uma internet super-rápida, é uma internet que ainda está melhorando. Então a FTA ainda é um grande competidor da pirataria por IPTV”, afirmou durante a live sobre o tema realizada nesta segunda-feira, 13, pelo Tele.Síntese.
Para ela, embora ainda muito popular, essa modalidade tende a ser trocada paulatinamente por métodos mais simples de pirataria, como o acesso direto aos conteúdos via sites pelo tablet, computador ou smartphone, ou pelas “caixinhas”, decodificadores que sintonizam o sinal desviado das programadoras de TV por assinatura.
Convergência
Ygor Valério, CEO da empresa LtaHub, especializada no combate à pirataria, concorda que a FTA segue viva. Mas ressalta que tudo no futuro dependerá na internet. “Daqui a 10 anos, tanto as redes de distribuição de conteúdo legal, quanto a ilegal, devem se consolidar na internet”, disse.
Para ele, as autoridades devem se debruçar hoje sobre o combate à pirataria digital. “Independente de um ser maior que o outro, temos que tratar um problema que ainda não está bem tratado do ponto de vista regulatório, que é como fazer esse trabalho na internet, por ser o vetor de maior crescimento em distribuição de conteúdo”, defendeu.
Ele se baseia em números recentes. Estimativas das entidades Alianza e MPA, que reúnem operadoras e produtoras de conteúdo no combate à pirataria, dão conta de que em 2019 os sites piratas receberam na América Latina 7,2 bilhões de visitas. Desses, 438 milhões eram buscas por conteúdos transmitidos ao vivo. O que gerou prejuízo de R$ 9 a R$ 13 bilhões de reais para a cadeia do audiovisual.
“São números expressivos, que se não conseguirmos reduzir, levarão à destruição de 150 mil postos de trabalho na região nos próximos anos”, destacou Eduardo Carneiro, coordenador de combate à pirataria da Ancine, também participante do debate.