Periferias Conectadas: MCom, BNDES e Brisanet apontam desigualdade na rede móvel

Evento que anuncia recursos do Fust para Brisanet é marcado por discursos de autoridades com críticas aos modelos de negócios pautados essencialmente pelo lucro.
CEO da Brisanet, Roberto Nogueira, ministro das Comunicações, Juscelino Filho, e presidente do BNDES, Aloísio Mercadante, em evento de lançamento do projeto Periferias Conectadas, no Complexo Mais Infância do Cristo Redentor, em Fortaleza (CE) | Foto: MCom
CEO da Brisanet, Roberto Nogueira, ministro das Comunicações, Juscelino Filho, e presidente do BNDES, Aloísio Mercadante, em evento de lançamento do projeto Periferias Conectadas, no Complexo Mais Infância do Cristo Redentor, em Fortaleza (CE) | Foto: MCom

Solenidade de lançamento do projeto Periferias Conectadas na Região Metropolitana de Fortaleza (CE) na tarde desta terça-feira, 14, ficou marcado pelo destaque feito por autoridades à desigualdade no acesso à conectividade, especialmente na rede móvel. Os discursos chamaram atenção para estratégias de mercado focadas em grandes centros, além da necessidade de discutir o custo dos serviços.

O evento teve como principal objetivo divulgar à população de Fortaleza o projeto da Brisanet a ser implementado com recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust)  –  no valor de R$ 146,1 milhões  –  voltado para a ampliação, aplicação e aperfeiçoamento das redes e serviços de telecomunicações nas áreas onde a operadora atua, bem como o investimento em 5G e acesso fixo sem fio (FWA). 

A cerimônia contou com a participação do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, além de representantes do governo do Ceará e parlamentares. 

Mercadante apontou o projeto Periferias Conectadas como uma das iniciativas que busca complementar a política pública. 

“Não adianta colocar internet só na escola, porque quando ele [aluno] volta para casa, não tem com conectar. O povão faz um pré-pago e só fala no WhatsApp porque não consome [dados móveis], vamos falar a verdade. Não pode ver notícia, e se o filho pedir para entrar no site da escola para estudar, não pode, porque não tem renda para pagar. Isso precisa acabar”, disse Mercadante. 

O presidente do BNDES complementou que “o 5G dentro de casa é para [o custo da conectividade] ficar mais barato”.

O CEO da Brisanet, Roberto Nogueira, reforçou a importância do Fust para implementar o projeto, que pretende ampliar o 5G para toda a capital de Fortaleza ainda neste semestre. “As empresas, normalmente, não querem atender as periferias porque não tem viabilidade. Com o projeto do Fust, conseguimos viabilizar essas áreas que são bem desafiadoras, economicamente, para essa tecnologia mais moderna”. 

Nogueira citou pesquisas que apontam haver 40% da população de periferias sem banda larga fixa, a depender da região do país, e que o conceito de conectividade significativa, para a Brisanet, “não é velocidade”, e sim, “consumo”. 

“Um cliente da Brisanet consome por mês [em downloads] cerca de 400 GB, mas só há 60% da população com banda larga fixa para consumir isso, os outros 40% estão no pré-pago e uma recarga de R$ 15, R$ 20 são 3 ou 4 GB”, exemplificou Nogueira. 

O ministro das Comunicações, por sua vez, destacou que o Fust vai bancar quase 100 ERBs em Fortaleza no âmbito do projeto da Brisanet.

Educação e Reforma Tributária

Juscelino também mencionou a Estratégia Nacional Escolas Conectadas (Enec), reforçando que a maioria das unidades que demandam por uma internet de melhor qualidade estão nas periferias. “Para a infraestrutura chegar precisa do apoio do poder público, da contrapartida do governo federal, do estado ou dos municípios, para tornar o projeto viável”.

No âmbito da contrapartida do Estado, o ministro ainda declarou o apoio à inclusão do setor de telecomunicações na “cesta básica” da reforma tributária, como vem sendo referenciado o rol de produtos que geram cashback aos consumidores. “É um item de consumo fundamental na vida das pessoas. Eu também defendo colocar na cesta básica, porque hoje as pessoas necessitam da internet nas suas vidas por vários motivos e a educação é um deles”, afirmou.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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