Parte das parabólicas pode ser usada para sintonizar banda Ku, diz a Abinee

Para a associação que representa a indústria elétrica e eletrônica, a comparação dos valores de cenários realistas de mitigação e migração resulta em diferença de 45%

Na semana passada a Abinee, associação que representa fabricantes de equipamentos eletroeletrônicos, divulgou conclusões parciais de estudo que analisou os custos das diferentes soluções possíveis para liberar espectro na faixa de 3,5 GHz para operadoras móveis.

Duas soluções são possíveis: a primeira, consiste no uso de filtros nas parabólicas para bloquear a interferência que o sinal móvel em 3,5 GHz causa na TV aberta transmitida por satélite (TVRO). Outra seria migrar os canais de TVRO para a banda Ku, frequência mais alta e distante da faixa de 3,5 GHz, livre, portanto, de interferências.

A Abinee divulgou que os valores de migração são mais altos que os valores de mitigação, embora não tão altos quanto apontam outros estudos, como o realizado pela Conexis, sindicato das operadoras móveis.

Hoje, a associação informou ao Tele.Síntese que a diferença apresentada ali pode ser ainda menor por conta do uso de critérios considerados “bastante conservadores” para a formulação do relatório.

Segundo a entidade, é preciso comparar os cenários mais prováveis de adoção das soluções. No caso dos dados apresentados na última semana, significa comparar o valor de custo de mitigação com serviço de instalação de R$ 1,15 bilhão com o custo de migração de R$ 1,68 bilhão. Diferença esta de 45%. Muito diferente, portanto, da diferença de 7,8 vezes calculada pelas operadoras.

Conforme explica a associação, este cenário vê como necessária a troca de 40% dos decodificadores analógicos de TVRO existentes nas casas elegíveis a receberem filtros por modelos digitais. Para a Abinee, pode ser necessária troca de 60% ou até 80% dos decodificadores – o que elevaria custos da mitigação e reduziria mais a diferença em relação aos custos de migração.

A entidade ainda diz que o custo do serviço de troca de LNBFs nas parabólicas comuns, necessário na solução de mitigação, é mais alto por ser mais demorado que a instalação de kits de banda Ku da solução de migração.

O cenário de migração de canais para a banda Ku considerado mais realístico pela entidade prevê gastos de R$ 1,68 bilhão. Esse cenário é visto como mais provável por prever reuso de uma parte do parque de antenas parabólicas de banda C para a sintonia de banda Ku.

A entidade diz que ainda está apresentando suas conclusões às autoridades, e que apenas depois disso vai liberar a íntegra do estudo elaborado pela PUC-RJ.

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Rafael Bucco

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