Para executivos da Huawei, empresa não está fora da rede privativa federal

Entendimento é que empresa tem níveis de governança corporativa compatíveis com o que é exigido na portaria 1924. Atílio Rulli, diretor da empresa, lembra que governo e estatais são clientes de longa data da fabricante.
Na foto, comitiva do Minicom e do TCU visita a sede da Huawei em Shenzhen, na China
Na foto, ministro Fábio Faria junto às comitivas do Minicom e do TCU em visita à sede da Huawei em Shenzhen, na China, em fevereiro. (Foto: Divulgação)

Executivos da Huawei afirmaram hoje, 2, que não consideram a empresa impedida de fornecer equipamentos para a rede privativa do governo federal.

A construção dessa infraestrutura, avaliada em R$ 1 bilhão, foi imposta às operadoras pela Portaria 1924, editada no final de janeiro. Prevê que as teles compradoras de espectro no leilão 5G deverão bancar a construção de uma rede dedicada para o governo. Essa rede será móvel no Distrito Federal, fixa em todo o Brasil, e terá de conectar mais de 16 mil pontos com banda larga.

Para Atílio Rulli, diretor de relações institucionais e governamentais da Huawei Brasil, não existe na portaria nenhuma regra impedindo a fabricante de ser fornecedora da rede privativa. Ele ressalta que o texto exige das fornecedoras “padrões de governança corporativa compatíveis com os exigidos no mercado acionário brasileiro”.

“Existem níveis de compatibilidade com gestão e compliance que ainda precisam ser detalhados”, avaliou Rulli, durante apresentação para a imprensa e consultores nesta terça-feira, 2, sobre segurança cibernética.

Marcelo Motta, diretor de cibersegurança para a América Latina da Huawei, vai além. A seu ver, apesar de a fabricante não ter ações em bolsa, tem regras de governança corporativa compatíveis com as de empresas abertas. “Todos os detalhes da nossa governança estão acessíveis em nossas páginas na internet, temos os resultados auditados pela KPMG, temos explicações quanto à escolha do board”, disse.

Governo

Na última semana, em coletiva de imprensa, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou que a Huawei sofreu restrições em diversos países, e que a saída no Brasil foi optar pelo modelo de “dois boxes”. Ou seja, em vez de proibir operadoras de usar equipamentos da empresa, exigir a construção de uma rede exclusiva do governo em que haveria restrição.

Rulli, da Huawei, lembra que a empresa é bem conhecida por parte do governo federal e das empresas estatais. A Telebras – até o momento, provável encarregada de operar a rede privativa -, utiliza equipamentos da Huawei em suas redes.

E não é a única. “O governo como um todo conhece muito bem a Huawei. Banco Central, Serpro, DataPrev, Banco do Brasil, Caixa, Rede Nacional de Pesquisa, tribunais, todos são clientes Huawei nas mais diversas linhas de produto”, enfatiza.

Tecnologia

Durante o evento, Motta ressaltou que a Huawei não é só um fornecedor, mas um dos principais desenvolvedores da tecnologia 5G no mundo. A companhia é autora de quase 9 mil contribuições para a padronização da quinta geração de redes móveis pelo 3GPP, entidade que reúne engenheiros do mundo todo. A padronização exigiu cerca de 27 mil contribuições. Segundo ele, em função do investimento de US$ 5,5 bilhões feitos para desenvolver apenas a tecnologia 5G desde 2009.

Ele também diz que equipamentos de acesso e de núcleo de rede da Huawei receberam certificados de segurança da GSMA, associação global de operadoras móveis, e da 3GPP. Motta considerou positiva declaração de Faria na coletiva de imprensa da semana passada de que todos os fornecedores visitados pela “Missão 5G” do Minicom foram considerados detentores de soluções seguras.

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Rafael Bucco

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