Pandemia vai adiar em dois anos a retomada de preços no setor de satélites

Setor passará por transformação que reduzirá importância da transmissão de vídeo nas receitas, em favor do tráfego de dados. América latina será segundo maior mercado de dados em 2029

A empresa de pesquisa de mercado Euroconsult elaborou um relatório para avaliar o impacto da pandemia de covid-19 sobre o setor satelital no mundo. Durante apresentação no Congresso Latinoamericano de Satélites, o CEO da consultoria, Pacôme Revillon, mostrou o forte impacto do isolamento social para as empresas que exploram a tecnologia e relatou que a recuperação de preços – que vinha acontecendo lentamente desde 2014 -, sofreu um baque e adiou o retorno ao crescimento em dois anos.

Conforme o relatório, a queda de preços vistas nos últimos cinco anos vinha ocorrendo graças à superoferta de capacidade em algumas regiões do globo e ao barateamento do Gbps relacionado ao lançamento de satélites HTS. Em 2014, o setor faturava US$ 12 bilhões ao ano, mas em 2019, as receitas não chegaram a R$ 11 bilhões (veja imagem acima).

No começo deste ano, antes de eclodir a crise sanitária causada pela Covid-19, a Euroconsult divulgou relatório no qual previa que o setor retomaria o patamar de receitas de 2014 em 2020 graças à diversificação de ofertas e aumento da demanda por transmissão de dados.

Com a pandemia, no entanto, os analistas reviram os dados e detectaram um encolhimento de 4,5% do setor neste ano, em vez de baixo crescimento como antes previsto. Projetaram, ainda, que somente em 2022 o setor voltará ao volume de vendas registrado em 2014.

O impacto da pandemia, alertou, Revillon, será duradouro. A forte retração foi resultado do menor consumo nos segmentos marítimo e aéreo – com a suspensão de cruzeiros e redução dos voos comerciais. Também houve diminuição da demanda corporativa, embora em menor escala, em especial do mercado energético.

Boa notícia

O executivo diz, porém, que a perspectiva de longo prazo é positiva. A Euroconsult prevê expansão do mercado de satélite acima de seu pico histórico. A consultoria calcula que em 2024, e seguirá crescendo pelo menos até 2029, quando o setor vai movimentar US$ 18,7 bilhões no mundo.

Essa expansão virá da transformação do setor. A transmissão de vídeo vai perder importância nas receitas das operadoras. No lugar, o tráfego de dados vai movimentar bilhões, sendo responsável por mais de 80% das receitas. Em 2022, o ano previsto para retomada dos patamares de 2014, será também o ano em que as operadoras vão gerar, pela primeira vez, mais receitas com transmissão de dados do que com vídeo.

A América do Norte deve continuar como principal consumidor. Em 2029, a região vai demandar, calcula a Eurconsult, 3,31 Tbps de conectividade satelital. A América Latina vai consumir 1,3 Tbps, à frente da Ásia, Europa, África e Oceania.

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Rafael Bucco

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