Os planos de Algar, Brisanet e Sercomtel após o leilão 5G

Algar vê oportunidades "indoor" com os 26 GHz. Brisanet aposta no 2,3 GHz para cobrir aglomerados. E Sercomtel destaca oportunidade no compartilhamento de rede.

As operadoras Algar Telecom, Brisanet e Sercomtel compraram grande blocos de espectro no último leilão realizado pela Anatel, no começo do mês. Em evento hoje, 22, os executivos das empresa deram alguns detalhes adicionais sobre como pretendem explorar os novo ativos.

A Algar comprou ao todo 1.000 MHz na faixa de 26 GHz. Segundo Luis Andrade Lima, diretor de operações e tecnologia da operadora mineira, a ideia foi estocar frequência para novas tecnologias que estão para chegar. “Os 26 GHz ainda são algo inicial. Sabemos que vamos precisar de espectro. Os 26 GHz vão ser utilizados para offload de tráfego, para a cobertura de indústrias, para a criação de hotspots. Todas as aplicações serão ainda construídas ao longo dos próximos anos. Ainda faltam devices (smartphones). Mas entendemos que os 26 GHz vão ser muito complementar”, afirmou.

Ele enxerga oportunidades nos segmentos de saúde, cobertura em shoppings, shows, estádios, indústrias de manufatura, varejo, agronegócio. “É absurda a capacidade adicional que se consegue acima dos 3,5 GHz com a faixa de 26 GHz, pelo menos quatro a seis vezes mais capacidade de banda. Vamos usar a faixa toda ou dividindo em módulos de 400, 600, 800 MHz, até 1 GHz”, acrescentou.

Brisanet busca roaming

Já a Brisanet pretende lançar um projeto piloto de conectividade 5G no Nordeste em 2022, para ativar sua rede comercial em 2023. A empresa reconhece que tem como desafios acertar contratos de roaming, para que seus clientes possam ir a cidades não cobertas pela a operadora sem perder o sinal móvel.

Segundo o CEO da operadora, os operadores regionais que compraram espectro no último leilão precisam se unir para formar uma quarta operadora nacional. União estão não dos negócios, mas através do compartilhamento de infraestrutura, complementando cada uma a cobertura das demais.

Nogueira disse que a Brisanet comprou lote na faixa de 2,3 GHz para utilizar de forma complementar à de 3,5 GHz, uma vez que tem alcance maior. “Para distritos e aglomerados rurais, nos atende muito bem. Há possibilidade de usar os 700 Mhz também, mas aí depende de oportunidade de negócio [com operador neutro]”, afirmou.

Ele diz que enquanto não fecha acordos de roaming com operadores nacionais de rede, pretende ativar o 5G em aglomerados onde há baixa taxa de deslocamento da população, o que reduz a demanda pelo acesso a redes de terceiros.

Sercomtel e Copel sob nova marca

Marcio Tiago, presidente da Sercomtel, contou no evento, realizado pelo site Teletime, que a ideia as empresas compradas pelo Fundo Bordeaux vão se fundir aos poucos, e ao fim restará uma só marca. Ele explicou que a Copel Telecom, por contrato, deverá deixar de usar a marca Copel, uma vez que está pertence à Companhia Elétrica do Paraná. Da mesma forma, a Sercomtel, criada pela prefeitura de Londrina, perderá o nome.

Ele não precisou em quantos anos haverá a convergência para a marca própria, mas disse que primeiro a Copel deixará de existir, em seguida será a Sercomtel, e depois haverá a fusão dos nomes.

“Vai ser uma composição da marca, teremos que devolver a marca Copel em breve. A Sercomtel vai continuar com marca própria por um período mais longo, mas depois, mais na frente, vai tudo convergir para uma marca própria”, disse.

Segundo ele, a empresa vai usar o espectro arrematado para oferecer serviços próprios nas cidades mais importantes para o grupo. Mas em outros locais, vai ofertar as frequências arrematadas sob o conceito de operador neutro. A empresa já iniciou tratativas com a Algar Telecom, por exemplo, que tem presença em Minas Gerais e cidades do Centro-Oeste. Outro parceiro já anunciado é a Unifique, com o qual comprou espectro no Sul do país, lembrou.

Para 2022, Tiago prevê a conclusão da incorporação da Copel Telecom, continuidade da expansão da banda larga fixa para novas cidades fora do Paraná, em especial São Paulo. E para acelerar a expansão da rede móvel, há conversas de compartilhamento inclusive do core da rede. “Entendemos que conseguimos crescer juntos. Estamos planejando primeiro piloto no início do próximo ano, que vai entregar solução móvel de FWA”, concluiu.

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Rafael Bucco

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