Os integradores satelitais buscam seu espaço

Eles querem garantir contratos nos rincões e aguardam a cobertura do SGDC, o único satélite sobre o país capaz de cobrir 100% do território com banda Ka.

[O Tele.Síntese está publicando semanalmente as reportagens presentes no Anuário Tele.Síntese de Inovação 2018. Abaixo, um panorama da competição no mercado das integradoras de serviços satelitais.]

Os integradores buscam seu espaço

Com a ativação de múltiplos novos satélites sobre o Brasil, as integradoras já perceberam que o preço do bit tende a cair, assim como o de suas mensalidades. Com isso, traçam estratégias para ir além das ofertas tradicionais.

A InternetSat, empresa fundada em 2014, vende serviços de consultoria em telecomunicações, TI e desenvolvimento de soluções personalizadas, além do link de banda larga ou telefonia VoIP. A ideia é atender o usuário de ponta a ponta, nas verticais do agronegócio, broadcast, óleo e gás. Mas um filão começa a despontar: o dos provedores
regionais de internet.

“Criamos duas categorias de negócio para eles. Uma em que vendemos capacidade para o provedor. Outra em que ele firma contrato para ser um revendedor do acesso. E temos tido muita procura neste formato”, explica o CEO e fundador da empresa, George Bem.

A InternetSat usa satélites de Hispamar e Yahsat. Desta, comprou 1 Gbps de capacidade no Al Yah-3. Como foca clientes corporativos, que trafegam uma fração da quantidade de dados do uso de um consumidor doméstico, se dá ao luxo de vender planos sem franquia.

“Com a capacidade contratada que temos, conseguimos chegar a 20 mil ou 25 mil acessos com internet ilimitada”, calcula. Atualmente, ele tem 250 clientes, e a meta de chegar a 1,5 mil até julho de 2019. Daqui a três anos, espera faturar R$ 10 milhões ao mês, um crescimento de cem vezes em relação aos resultados atuais.

À espera de acesso

A RuralWeb vende VoIP, backhaul de celular e redes corporativas para o mercado rural, principalmente no Norte e no Centro-Oeste, usando satélites da Telesat. Paulo Ricardo Pinto, diretor comercial, conta que a demanda por acesso cresce, inclusive onde alguns kbits de velocidade saem por uma fortuna.

Por isso, aguarda a ativação do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC), da Telebras. “O conjunto dos satélites não cobre 100% do território nacional com banda Ka, que é mais barata, a não ser o SGDC”, ressalta o diretor da RuralWeb.

O SGDC satélite foi lançado em 2017 sem uma empresa capaz de distribuir e instalar a infraestrutura em terra (antenas). Um chamamento foi feito no final do 2017, mas terminou sem interessados. Em fevereiro deste ano, a estatal anunciou acordo com a norte-americana ViaSat para explorar comercialmente a capacidade do equipamento, respondendo também pela instalação e manutenção das antenas.

Mas a empresa Via Direta, do Amazonas, alegou na Justiça que negociava acesso ao SGDC antes. O TRF-1 concedeu, então, liminar suspendendo o acordo. Segundo a estatal, isso levou à perda de pelo menos R$ 100 milhões até a derrubada da liminar, em julho. Até o fechamento desta edição, o SGDC tinha voltado a operar.

A RuralWeb espera poder usar o SGDC para alcançar áreas como Tocantins, sul do Pará, norte do Mato Grosso. Sem banda Ka, se vira como pode. Abastece rincões com banda Ku, mais cara. “Algumas pequenas comunidades criam provedores WiFi entre eles. Ou a gente instala a VSat e o WiFi, e eles usam de forma compartilhada. Geralmente
é um link de 4 Mbps por 1 Mbps, usado para troca de mensagens.”

Em 2017, a empresa faturou R$ 27 milhões. Este ano, deve fechar com quase R$ 30 milhões. Quando o SGDC operar em definitivo, ele acredita que o custo do bit, que chega a US$ 900 em banda Ku, cairá a US$ 50 com a banda Ka. O que deve impulsionar, inclusive, os planos de atender ISPs em todo o país. “Hoje eles representam cerca de 20%
das receitas. Vão chegar a 40% até 2020”, prevê.

A cobertura em banda Ka sobre o Brasil. Em azul, área coberta sem o SGDC ativado. Em verde, com o satélite brasileiro.
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Rafael Bucco

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