Os desafios persistentes à evolução da banda larga por fibra no Brasil

Da topologia às leis municipais, especialistas apontam os problemas que precisam ser sanados para o Brasil entrar na era da "giga internet" proposta pela Huawei

O Brasil está cada vez mais conectado com banda larga de qualidade, no entanto ainda existem desafios consideráveis à universalização da fibra óptica e avanço da conectividade com velocidade de gigabits por segundo, avaliaram especialistas reunidos nesta segunda-feira, 7, no evento Latam Fiber Broadband Leaders Summit, organizado pela Huawei em São Paulo (SP).

Da esq. à dir.: David Huang, Eduardo Tude, Carlos Nazareth, Marcos Ferrari
Da esq. à dir.: David Huang, Eduardo Tude, Carlos Nazareth, Marcos Ferrari

Marcos Ferrari, presidente executivo da entidade setorial Conexis, lembrou que o Brasil experimentou um crescimento vertiginoso da fibra óptica nos últimos 10 anos, mas estaria em posição mais privilegiada se alguns problemas estruturais tivessem sido superados.

“O total de conexões em fibra correspondia apenas a 5% do total. Hoje, representam 75%, um aumento de 15x em 10 anos. A velocidade saiu de 40 Mbps para 417 Mbps. A fibra óptica tem um impacto transversal na economia, mas enfrenta os desafios da ocupação irregular de postes, a curva crescente de roubos e furtos de cabos e equipamentos, a legislação municipal de ocupação do solo”, citou.

Carlos Nazareth Marins, diretor do Inatel, concorda. E aponta mais questões que precisamos resolver como País se quisermos ter uma penetração de banda larga fixa equiparável à das nações mais desenvolvidas do globo. “É importante que o Brasil faça um estudo detalhado topográfico que permita às empresas acelerarem o investimento. Outro aspecto importante é o custo alto da implantação de infraestrutura, o fato de cada cidade ter uma regulação própria para o uso de rede subterrânea”, citou.

Ele também aponta para a necessidade de os fornecedores de equipamentos investirem aqui, não apenas para comercializar os produtos, mas também para formar os profissionais necessários à implementação das redes e à sua manutenção. “Boa rede não se faz só com equipamentos, tem que ter suporte dos fabricantes no Brasil, pré-venda, pós-venda e formação de profissionais. Apostar em fornecedores e parceiros com esse tipo de preocupação faz com que o ambiente de opticalização se situe de forma sedimentada”, comentou.

Eduardo Tude, da consultoria Teleco, ressaltou que faltam também dados de qualidade para traçar o verdadeiro retrato da conectividade brasileira. O executivo lembrou que dados oficiais indicam 60% dos domicílios com banda larga fixa, enquanto pesquisas do NIC.br apontam para 80% dos lares.

“Há muita subnotificação. Quando a gente olha o que se tem de informações, é possível concluir que 75 milhões de residências têm banda larga, o que significa que existem no país 2,5 provedores passando na porta de cada casa, em média. O backhaul óptico ainda continua sendo a principal barreira para a conectividade nos municípios”, observou. Tude estima que, considerando as taxas de crescimento das velocidades, a oferta padrão hoje de 365 Mbps deverá ser de 700 Mbps em três anos.

David Huang, PR Regional América Latina e Caribe da Huawei, citou estudo da UIT para lembrar da importância de o País elaborar um plano para o desenvolvimento da banda larga via fibra. “A cada aumento de 10% na conectividade em fibra, há um aumento de 2% do PIB”, ressaltou. E destacou que as operadoras devem se preparar para a virada da conectividade, em que os planos serão na maior parte de 1 Gbps. Mas o consumidor precisa de tanta velocidade? A resposta é sim, disse. Segundo ele, com mais velocidade, novos usos surgem.

“Por exemplo, na China, o e-commerce ganhou muita importância nos últimos anos. Antes, os comerciantes divulgavam foto, os sites eram vistos no computador. Hoje, divulgam por vídeos, que são assistidos no celular. Ao mesmo tempo, tiveram que se capacitar em utilizar melhor o smartphone para atender essa demanda”, comentou.

No evento de hoje, executivos da Huawei defenderam ostensivamente a necessidade de as operadoras investirem na robustez da rede óptica a fim de o Brasil entrar logo na era da Giga Internet. Segundo a máxima apresentada pela empresa, as operadoras e provedores conseguem elevar as receitas por usuário (Arpu), cobrir mais casas e melhorar a taxa de ocupação das redes com uma estratégia baseada em três fases. A companhia lançou também três produtos para a implantação de rede óptica com velocidade de gigabit ao consumidor, seja residencial, seja de pequenas e médias empresas.

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Rafael Bucco

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