Operadoras veem sinergia nos segmentos de carteiras digitais e publicidade móvel

Executivos de Oi, Claro e Vivo dizem que ideia de oferecer um serviço de pagamento baseado no pré-pago, lançada pelo CEO da TIM em julho, "faz sentido" como modelo de negócio. Padronização no mercado de publicidade móvel, também.

No mês passado, o CEO da TIM, Pietro Labriola, lançou uma ideia: as operadoras deveriam se juntar para fazer do pré-pago uma carteira de pagamentos digitais. Hoje, 11, executivos de Claro, Oi e Vivo disseram que a união no segmento seria uma estratégia benéfica a todas as teles.

“Faz sentido ter uma força multioperadora, embora não tenha nada concreto nesse sentido”, resumiu Leonardo Hazan, gerente de marketing VAS da Oi. Ele participou do evento virtual Tela Viva Móvel, realizado pelo site Mobile Time nesta terça-feira.

Para Rodrigo Gruner, diretor de inovação e serviços digitais da Vivo, a proposta é interessante por conta do valor gerado para as empresas e utilidade para clientes. “A ideia de iniciativa conjunta é muito boa. As operadoras têm uma força muito grande nesse segmento. O próprio negócio do pré-pago já é uma carteira digital, mas para consumo específico em telecomunicações. As operadoras giram aí centenas de milhões de reais”, opinou.

João Stricker, head de marketing consumer e SMB, TIM Brasil, ampliou a proposta de Labriola, apresentada sem detalhes na última convenção de funcionários da companhia. “Nós operadoras já temos um canal hoje compartilhado, que são os 300 mil pontos de venda de pré-pago onde todas estão presentes. Acho que temos assets e expertise para lidar com dinheiro hoje destinado a telecom, que poderiam ser destinados para outros pontos. Se a gente integrar essas coisas, conseguimos oferecer ao cliente pré-pago sem conta em banco uma forma de se bancarizar”, explicou.

Segundo ele, embora ainda não haja nada de concreto, o assunto vai entrar na agenda. “Acho que essa conversa eventualmente vai acontecer. Tem muito potencial”, acrescentou. Os executivos não analisaram o tema sob o aspecto regulatório – uma parceria nesse sentido poderia ser alvo de análise de autoridades, como Banco Central e Cade.

O mercado de serviços bancários interessa a todas as operadoras no momento. A TIM assinou acordo com a fintech Banco C6, para oferta de pré-pagos com uso da conta digital do banco. A Oi trabalha no lançamento de um produto em parceria com a Conta Zap. E a Vivo tem parceria com o Mercado Pago, por enquanto restrita à recarga de  créditos.

Também há outros serviços financeiros em pauta, como a oferta de crédito. A Claro tem iniciativa do tipo, chamada Claro Smartcred, feita em parceria com o banco Inbursa. Enquanto a Vivo tem o Vivo Money, em parceria com a Digio.

Publicidade móvel

Outro segmento no qual as operadoras não descartam uma parceria setorial no futuro é o da publicidade móvel. A ideia, neste caso seria permitir que anunciantes comprem espaço publicitário de forma centralizada. Anúncios seriam exibidos para os usuários cadastrados dispostos a ver publicidade no celular em troca de benefícios, como navegação patrocinada. Atualmente, todas têm produtos do tipo: Oi Ads, Vivo Ads, TIM Ads e Claro Ad Display.

Para Fabio Maeda, diretor de inovação e serviços digitais da Claro, faz tanto sentido um trabalho conjunto no mercado de publicidade móvel, como no de pagamentos digitais.

“Faz sentido para termos o mesmo modelo de oferta e formatos de anúncio, para o cliente não ficar indo de operadora em operadora. Os integradores de SMS já faziam isso. Essa é uma tendência. Toda vez que as operadoras não concorrem entre si, são complementares, faz sentido. O modelo de integradora de ads pode funcionar e facilita para o anunciante”, disse.

Stricker, da TIM, concorda. “O cliente não quer escolher operadora [para anunciar]. Mas antes tem que haver também integração tecnológica”, lembrou. Segundo ele, a TIM Ads ainda tem funcionamento limitado a poucos canais da companhia, mas mesmo assim tem hoje a marca de 15 milhões de bônus de ceular entregues por mês. O modelo praticado ali prevê exibição de vídeos em troca de bônus de dados no celular.

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Rafael Bucco

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