Operadoras concentram vendas de smartphones premium no Brasil, diz executivo da Motorola
Rodrigo Vidigal afirma que varejo lidera em volume, mas operadoras têm papel central na oferta de celulares de alto valor; brasileiro troca de aparelho a cada dois anos, prioriza câmera, IA e design
Embora as operadoras de telefonia respondam por apenas 20% das vendas de smartphones no Brasil, são elas as principais responsáveis por distribuir os aparelhos premium, de maior valor. A avaliação é de Rodrigo Vidigal, country manager da Motorola Brasil, que destaca o papel das teles na oferta de modelos premium e no relacionamento com clientes de maior consumo de dados e tecnologia.
“Esses 20% são extremamente importantes. São clientes heavy users, que procuram os telefones mais caros”, afirmou Vidigal em entrevista ao Tele.Síntese. Segundo ele, a Motorola mantém parcerias comerciais com as três grandes operadoras — Claro, TIM e Vivo — para o lançamento de modelos específicos, além de realizar ajustes técnicos para garantir a compatibilidade dos aparelhos com as redes de operadoras regionais como Brisanet e Unifique.
As operadoras já chegaram a liderar o mercado de vendas de smartphones, mas perderam espaço com o avanço do varejo. Hoje, cerca de 80% dos dispositivos são vendidos em grandes redes varejistas, que concentram a logística e o financiamento ao consumidor final.
Parcerias com operadoras regionais seguem em construção
Vidigal explicou que a Motorola mantém diálogo com ISPs regionais, mesmo sem acordos comerciais firmados até o momento. “Chegamos a conversar com eles, ajustamos os produtos para funcionar melhor nas redes. Estamos sempre disponíveis e abertos para isso”, disse.
Para o executivo, garantir que os aparelhos estejam otimizados para diferentes tipos de rede é fundamental para preservar a experiência do usuário e manter competitividade no mercado nacional.
Ciclo de troca e preferências do consumidor
O brasileiro troca de celular, em média, a cada dois a dois anos e meio — muitas vezes com o aparelho anterior já danificado. Segundo Vidigal, o consumidor nacional busca sempre um modelo superior ao anterior, mas tenta manter o custo sob controle. “Ele quer o próximo smartphone melhor, com câmera boa, bateria durável, memória suficiente para guardar fotos e vídeos, tela de qualidade e design bonito”, afirmou.
Os preços dos smartphones da marca variam entre R$ 1 mil (caso do Moto G05) e R$ 10 mil (linha RAZR dobrável). A faixa intermediária, representada pelos modelos da linha Moto G e Edge, é a mais procurada.
“A câmera ainda é o principal recurso de decisão de compra. O brasileiro adora tirar fotos, não deleta imagens e quer compartilhá-las com qualidade”, observou.
IA embarcada e smartphones como hub digital
Além do apelo visual e da performance, a inteligência artificial começa a ganhar espaço como diferencial nos aparelhos. Vidigal ressaltou que a Motorola utiliza IA embarcada em seus dispositivos há mais de uma década, especialmente para gerenciamento de bateria, câmera e desempenho. Mais recentemente, passou a integrar soluções de IA generativa, como o MotoAI, nos modelos mais robustos (Edge e RAZR).
Para o futuro, o executivo acredita que o smartphone será apenas um dos pontos de acesso ao ecossistema digital dos usuários. “O smartphone ainda é o coração da plataforma, mas a ideia é que relógios, fones e outros dispositivos se integrem em uma experiência contínua, com IA personalizada para cada perfil”, disse.