“OpenRAN não substitui a Huawei”, alerta executivo da Claro

Segundo André Sarcinelli, padrão de RAN desagregada responde por uma parte muito pequena da rede necessária para entrega dos serviços móveis

O chief technology officer da Claro, André Sarcinelli, defendeu hoje, 2, que haja debates mais práticos sobre a chegada da 5G ao Brasil e sobre quais necessidades o leilão de espectro que será organizado pela Anatel vai solucionar.

“Temos que discutir antes a Lei das Antenas, licenciamento, como passar mais fibra, se o leilão vai ser arrecadatório, como conviver com TVRO, o que a indústria 4.0 quer. A gente só tem discutido como fazer o leilão. Se a gente deve migrar para Ku, ou manter, são discussões que devem acontecer, que estão mais estacionadas”, afirmou. O executivo palestrou na tarde desta quarta-feira no evento Telco Club, realizado pela consultoria Teleco.

Para Sarcinelli, além dos elementos acima, que já demandam grandes esforço em busca de alguma convergência do setor e dos agentes políticos, ainda há o complicador da presença ou não da Huawei no fornecimento das redes brasileiras.

“Já vi presidente de empresa falando que não precisa da Huawei no Brasil para termos redes 5G, que OpenRAN resolve. Olha, a Huawei não é só RAN. RAN é radio access network. Tem um monte de outros elementos numa rede móvel. Por isso a OpenRAN não substitui a Huawei. Não cabe juntar os dois assuntos na mesma frase”, ressaltou.

Capacidade além do necessário

Para Sarcinelli, a capacidade adicional que a 5G trará à banda larga móvel ainda não é necessária para a maioria dos casos de uso previstos.

“Hoje a gente mal usa a plenitude do 4,5G. Não tem nenhuma aplicação no celular que usa 400 Mbps. Única aplicação que chega a 1 Gbps no smartphone é o Speedtest, que é feito pra aferir velocidade da rede. Netflix não precisa, Youtube não precisa, Facebook não precisa, e-mail não precisa. Falta maturidade na discussão pelos use cases porque o cliente não vai usar”, defendeu.

Pandemia

Em sua apresentação, Sarcinelli buscou prever como será 2021. Segundo ele, as mudanças de hábitos relacionadas à pandemia de covid-19 serão permanentes. A expectativa na Claro é que haja crescimento do uso da banda larga móvel, à medida que as pessoas voltem a sair de casa. Mas, mesmo diante desse cenário, a elevação do consumo de banda larga fixa residencial não vai regredir.

“O volume do tráfego de dados atual vai se perpetuar. A gente imagina que o home schooling não vai acontecer como hoje, a escola é ainda um ponto de retorno. Mas vai continuar o home office”, disse.

Ele contou que a pandemia fez a Claro acelerou em sete meses a demanda por banda larga fixa prevista para o ano. Ou seja, em março a empresa teve de entregar uma capacidade de tráfego de dados que esperava entregar apenas em outubro. Mas, ressaltou, estava preparada para isso.

“O que aconteceu foi que antecipamos a entrega. Mas agora em novembro voltamos ao planejamento e atingimos o volume que esperávamos atingir para o mês, quando fizemos o plano em 2019”, relatou.

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Rafael Bucco

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