Oi tem apoio de bancos, negocia com Anatel, mas espera credores e acionistas se entenderem

Oi apresenta até 11 de outubro novo plano de recuperação judicial, antes de assembleia de credores do dia 23 de outubro. Conforme do presidente da companhia, Marco Schroeder, desafio está em fazer bondholders e acionistas reduzirem expectativas a fim de garantir continuidade das operações e potencial de atração de novos sócios.

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O diretor presidente da Oi, Marco Schroeder, afirmou na tarde desta terça-feira, 03, que os maiores entraves para a aprovação de um plano de recuperação judicial da operadora está em fazer credores e acionistas convergirem e em convencer a Advocacia Geral da União (AGU) de que a dívida com a Anatel tem de constar da reestruturação.

Caso os interesses não se “equalizem”, e não se chegue a um acordo em nenhuma das assembleias gerais de credores, marcadas para 23 de outubro e 27 de novembro, restará a falência. Ele, no entanto, duvida que isso aconteça. “Acho que ninguém quer a falência. Acionista vai ficar sem dinheiro, credor vai ficar sem nada, governo terá um problema, consumidor terá um problema. A hipótese existe, sim, mas é pouquíssimo provável”, afirmou a jornalistas, durante a Futurecom 2017. O evento reúne executivos do setor de telecomunicações, e acontece nesta semana, em São Paulo.

Segundo Schroeder, a diretoria estatutária da Oi trabalha por uma solução que garanta a operação após a recuperação. A renúncia de Ricardo Malavazi, ex-CFO, que ontem deixou o cargo, é um sinal “grave” da situação e pressão a que se chegou, mas que comprova essa intenção. “A gente defende um plano que não tenha nenhum risco de caixa, de execução. Qualquer plano diferente disso, a gente não vai assinar”, avisa.

Acordo com a Anatel

Schroeder diz que vem negociando com a AGU, que representa os interesses da Anatel na recuperação judicial. Nas conversas, tenta convencer os representantes da agência a apresentar voto favorável ao plano de recuperação. E que o plano contemple, sim, a dívida da operadora com a Anatel.

“Queremos colocar a AGU no plano para que ela vote sim. Porque um credor de R$ 11 bilhões, de um total de R$ 65 bilhões, obviamente dificulta muito aprovar o plano, se for contra. Então, ter um plano aceitável para a AGU é interesse da Oi”, afirma.

Ele ressalta que a opção da AGU de judicializar a questão tem sido resolvida em favor da Oi. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou que a dívida com a Anatel estivesse no âmbito da RJ. A AGU recorreu ao STJ, que decidiu o mesmo. A advocacia levou o pleito ao STF, que também decidiu em favor da Oi. “Até agora todas as decisões são de que a dívida fica na RJ”, lembra.

Credores x acionistas

Segundo o executivo, bancos públicos demonstraram interesse na recuperação proposta, assim como pequenos credores. Entre os pequenos, 52 mil têm a receber até R$ 50 mil, e 12 mil já aceitaram acordo.

Resta o nó a ser desatado da relação entre bondholders e acionistas. Cada um disputa seus interesses na recuperação judicial: os credores querem aumentar ao máximo o quanto receberão de participação na operadora, enquanto os acionistas querem reduzir ao mínimo a possibilidade de diluição.

O executivo lembra que os acionistas terão de ceder mais, se quiserem que a Oi mantenha a capacidade de atrair investidores. “Meu plano ideal é uma redução significativa da dívida, por conta disso os credores vão ter que receber, sim, uma fatia considerável do equity da companhia, respeitando os interesses dos novos investidores e acionistas”, afirmou.

Segundo ele, o mais provável é a aprovação de um plano que tenha capitalização de R$ 9 bilhões da operadora. Chegar ao valor exato de diluição dos acionistas atuais e porcentual entregue a credores e novos investidores é que precisa de definição. “O resultado ideal da recuperação é que o endividamento não supere três vezes o EBITDA”, afirma.

Schroeder diz que tem até 11 de outubro para aprovar um plano de recuperação que atenda ao máximo de interesses.

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Rafael Bucco

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