Oi tem apoio de bancos, negocia com Anatel, mas espera credores e acionistas se entenderem
O diretor presidente da Oi, Marco Schroeder, afirmou na tarde desta terça-feira, 03, que os maiores entraves para a aprovação de um plano de recuperação judicial da operadora está em fazer credores e acionistas convergirem e em convencer a Advocacia Geral da União (AGU) de que a dívida com a Anatel tem de constar da reestruturação.
Caso os interesses não se “equalizem”, e não se chegue a um acordo em nenhuma das assembleias gerais de credores, marcadas para 23 de outubro e 27 de novembro, restará a falência. Ele, no entanto, duvida que isso aconteça. “Acho que ninguém quer a falência. Acionista vai ficar sem dinheiro, credor vai ficar sem nada, governo terá um problema, consumidor terá um problema. A hipótese existe, sim, mas é pouquíssimo provável”, afirmou a jornalistas, durante a Futurecom 2017. O evento reúne executivos do setor de telecomunicações, e acontece nesta semana, em São Paulo.
Segundo Schroeder, a diretoria estatutária da Oi trabalha por uma solução que garanta a operação após a recuperação. A renúncia de Ricardo Malavazi, ex-CFO, que ontem deixou o cargo, é um sinal “grave” da situação e pressão a que se chegou, mas que comprova essa intenção. “A gente defende um plano que não tenha nenhum risco de caixa, de execução. Qualquer plano diferente disso, a gente não vai assinar”, avisa.
Acordo com a Anatel
Schroeder diz que vem negociando com a AGU, que representa os interesses da Anatel na recuperação judicial. Nas conversas, tenta convencer os representantes da agência a apresentar voto favorável ao plano de recuperação. E que o plano contemple, sim, a dívida da operadora com a Anatel.
“Queremos colocar a AGU no plano para que ela vote sim. Porque um credor de R$ 11 bilhões, de um total de R$ 65 bilhões, obviamente dificulta muito aprovar o plano, se for contra. Então, ter um plano aceitável para a AGU é interesse da Oi”, afirma.
Ele ressalta que a opção da AGU de judicializar a questão tem sido resolvida em favor da Oi. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou que a dívida com a Anatel estivesse no âmbito da RJ. A AGU recorreu ao STJ, que decidiu o mesmo. A advocacia levou o pleito ao STF, que também decidiu em favor da Oi. “Até agora todas as decisões são de que a dívida fica na RJ”, lembra.
Credores x acionistas
Segundo o executivo, bancos públicos demonstraram interesse na recuperação proposta, assim como pequenos credores. Entre os pequenos, 52 mil têm a receber até R$ 50 mil, e 12 mil já aceitaram acordo.
Resta o nó a ser desatado da relação entre bondholders e acionistas. Cada um disputa seus interesses na recuperação judicial: os credores querem aumentar ao máximo o quanto receberão de participação na operadora, enquanto os acionistas querem reduzir ao mínimo a possibilidade de diluição.
O executivo lembra que os acionistas terão de ceder mais, se quiserem que a Oi mantenha a capacidade de atrair investidores. “Meu plano ideal é uma redução significativa da dívida, por conta disso os credores vão ter que receber, sim, uma fatia considerável do equity da companhia, respeitando os interesses dos novos investidores e acionistas”, afirmou.
Segundo ele, o mais provável é a aprovação de um plano que tenha capitalização de R$ 9 bilhões da operadora. Chegar ao valor exato de diluição dos acionistas atuais e porcentual entregue a credores e novos investidores é que precisa de definição. “O resultado ideal da recuperação é que o endividamento não supere três vezes o EBITDA”, afirma.
Schroeder diz que tem até 11 de outubro para aprovar um plano de recuperação que atenda ao máximo de interesses.