Oi mantém previsão de Capex para 2020, apesar da crise causada pelo novo coronavírus

CEO diz que demanda por fibra óptica seguirá em alta e lembra que serviços de telecomunicação foram considerados essenciais, o que permitirá manter o trabalho de expansão da rede

A Oi vai manter a meta de investir R$ 7 bilhões neste ano, apesar da perspectiva de desaquecimento da economia em razão da pandemia de Covid-19. A doença que tem levado as autoridades a sugerir o isolamento social, ou mesmo quarentena em algumas cidades e estados, fez o governo reduzir de 2,1% para zero a previsão de crescimento do PIB neste ano. Isso não abala, porém, a confiança da diretoria da Oi.

Rodrigo Abreu, CEO da Oi, explicou nesta quinta-feira, 26, em conferência de resultados, que a companhia segue trabalhando e produzindo próxima da normalidade. Ao menos 70% dos funcionários foram mandados para trabalhar de casa. O restante são equipes de campo, que não têm como trabalhar remotamente, e seguem atendendo sob orientações de precaução.

“Como serviços de telecomunicações foram declarados essenciais pelo governo federal, não existe restrição de mobilidade para nossas equipes, poderemos manter ainda o nível do Capex”, ponderou. Ele explicou que os técnicos continuam podendo ir aos locais onde é exigida a instalação de fibra, que será o maior componente do Capex neste ano e trabalhar na expansão da rede.

Abreu também contou que a empresa trabalha com vários cenários sobre o avanço da doença. No momento, o impacto é de apenas um dígito sobre sua força de trabalho. Mesmo que 20% ou 50% da equipe precise de licença, a meta de chegar ao final do ano com mais de 6 milhões de homes passed (residências aptas a assinar o serviço de fibra óptica) seria pouco alterada, afirmou.

Demanda por banda larga continuará a crescer

Em termos de demanda, a tele viu aumento das exigências de tráfego de dados e acionou circuitos adicionais para garantir a estabilidade da rede na última semana. Abreu disse há impacto negativo sobre as vendas de celulares e planos móveis, por exemplo, uma vez que as lojas da companhia estão fechadas.

Se a restrição de mobilidade da população for mantida por muito tempo, a Oi precisará definir como vender planos celulares, uma vez que existe uma logística de distribuição de SIM cards que precisaria ser revista.

Mas, afirmou, tais problemas tendem a ser compensados pelo aumento do tráfego e demanda por banda larga. “No meio dessa crise, nossos serviços são mais necessários que nunca. Vemos reflexo em demanda por fibra, por exemplo, tanto para indivíduos, residências, como para negócios que querem estabelecer conexões para trabalho remoto”, afirmou.

Uma questão sensível, reconhece, é o pagamento das mensalidades por clientes de baixa renda, que podem ficar sem trabalho no período. “Haverá desafios quanto à continuidade de vendas, mas fomos rápidos em restabelecer prioridades para sustentar as operações comerciais o mais próximo da normalidade possível, especialmente em fibra”, frisou. Mesmo que haja aumento na quantidade de inadimplentes, ele sugere que haverá menos custos de aquisição e manutenção de clientes, uma vez que a tendência é de redução do churn durante a pandemia.

“Mas ainda há muitas questões que precisam ser avaliadas no meio dessa crise. É muito difícil dizer agora o impacto sobre cada componente da operação, mas temos um plano de contingência”, falou.

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Rafael Bucco

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